Com
esta publicação terminamos hoje a proposta que fizemos de, à terça e à sexta de
cada semana deste mês de maio, podermos conhecer uma migalha da literatura, da
história e das belezas de cada um dos nove Países que integram a CPLP, a Comunidade de Países de Língua
Portuguesa.
Como
notaram, saltámos a Guiné Equatorial.
Quando a CPLP foi criada, a 17 de julho de 1996, a Guiné Equatorial pediu o estatuto de observador da organização baseado no facto de ter sido uma colónia portuguesa entre os séculos XV e XVIII e de ter alguns territórios onde as línguas crioulas baseadas no português são faladas.
Porém, por diversas razões, este país só integrou a CPLP em julho de 2014,
na X Cimeira realizada em Díli, capital de Timor-Leste. Por conseguinte, na
Guiné Equatorial não existem contos ou literatura em língua portuguesa e por
isso, não o incluímos neste périplo.
Quando a CPLP foi criada, a 17 de julho de 1996, a Guiné Equatorial pediu o estatuto de observador da organização baseado no facto de ter sido uma colónia portuguesa entre os séculos XV e XVIII e de ter alguns territórios onde as línguas crioulas baseadas no português são faladas.
Malabo, capital da Guiné Equatorial |
Oficialmente
República Democrática de Timor-Leste (em tétum: Timor Lorosa'e), é um dos
países mais jovens do mundo, com 14 874 quilómetros quadrados de extensão
territorial, e ocupa a parte oriental da ilha de Timor, no Sudeste Asiático,
além do enclave (em geografia política, é um território com distinções
políticas, sociais e/ou culturais cujas fronteiras geográficas ficam
inteiramente dentro dos limites de um outro território) de Oe-Cusse Ambeno (na
costa norte da parte ocidental de Timor), da ilha de Ataúro, a norte, e do
ilhéu de Jaco, ao largo da ponta leste da ilha.
As únicas fronteiras terrestres
que o país tem ligam-no à Indonésia, a oeste da porção principal do território,
e a leste, sul e oeste de Oe-Cusse Ambeno, mas tem também fronteira marítima
com a Austrália, no Mar de Timor, a sul. A sua capital é Díli, situada na costa
norte.
O
nome "Timor" deriva de Timur, a palavra para "leste" em
indonésio e malaio, que se tornou Timor em português, como era conhecido o
Timor Português. Como "leste" é a palavra portuguesa para
"leste", resultou assim "Timor-Leste" (Leste-Leste).
Lorosa'e (aceso "sol nascente") é a palavra para "leste",
em tétum, para Timor Lorosa'e.
Ilha de Jaco, Timor-Leste |
Díli, Timor-Leste |
Praia de Baucau, Timor-Leste |
No final de 1975, Timor-Leste declarou a sua independência mas, no final daquele ano, foi invadido e ocupado pela Indonésia, sendo anexado como a 27.ª província do país no ano seguinte.
Em 1999, após um ato de autodeterminação patrocinado pelas Nações Unidas, o governo indonésio deixou o controlo do território e Timor-Leste tornou-se o primeiro novo Estado soberano do século XXI, a 20 de maio de 2002.
Após a independência, o país tornou-se membro das Nações Unidas e da CPLP. É um dos dois únicos países predominantemente cristãos no sudeste da Ásia (o outro é as Filipinas).
A
língua mais falada em Timor-Leste foi o indonésio (no tempo da ocupação
indonésia) mas hoje é o tétum (mais falado na capital).
O tétum e o português formam as duas línguas oficiais do país, enquanto o indonésio e a língua inglesa são consideradas línguas de trabalho pela atual constituição de Timor-Leste.
O tétum e o português formam as duas línguas oficiais do país, enquanto o indonésio e a língua inglesa são consideradas línguas de trabalho pela atual constituição de Timor-Leste.
A sua
bandeira é predominantemente de cor vermelha (representando a luta pela
libertação do país) com um triângulo isósceles (dois lados iguais e um
diferente) de cor preta (representando o obscurantismo do passado que é preciso
vencer) do lado esquerdo, com uma cunha de cor amarela (representando as marcas
do colonialismo) e, no centro, uma estrela de cinco pontas de cor branca
(representando, tão só, a paz).
Com a
ilustração seguinte, vamos dar-te a conhecer um conto tradicional deste povo:
Bosco |
TIMOR-LESTE
A Voz do Liurai de Ossu
“No
princípio do século, o Liurai de Ossu entregou ao ocupante uma arma tida como
relíquia maubere e acompanhou a entrega com a afirmação de que ele não mais
voltaria a fazer a guerra.
Desde
sempre as florestas mauberes têm sido templos sagrados e lugares de segredos.
E, pelo menos há quinhentos anos, pessoas estranhas de várias nações entram e
atravessam esses sítios sem serem capazes de entendê-los.
Quer espreitando,
quer escutando, o que fica por ver e por ouvir é sempre mais do que o
necessário para já não se compreender a vida interior e os propósitos mauberes.
É que é preciso ver mais para lá e, também, ouvir mais para lá. E avaliar,
sobretudo avaliar, a luz das vozes.
Mil
segredos e projetos mauberes estão guardados por famílias, sacerdotes, liurais e
outros chefes desde há séculos para somente serem revelados quando tiverem de o
ser. Todos os mauberes sabem disto — e muitos, até, o têm dito ao longo dos
tempos. Porém, ninguém estrangeiro foi ainda capaz de penetrar na história
maubere até ao fundo dos fundos.
É por
isso que quase tudo dos mauberes ainda está por dizer, é por isso que o verdadeiro
sentido de muitos e muitos factos, mesmo dos revelados diante do testemunho do
povo, ainda está por explicar completamente. Como aquele gesto do Liurai de Ossu…
Há
uns setenta anos, o liurai decidiu oferecer ao ocupante uma espingarda tida como
relíquia maubere. Depois de todas as cerimónias do estilo, o Liurai de Ossu,
rodeado de chefes e de sacerdotes, autorizou que trouxessem, da floresta sagrada
onde já estava há um tempo imenso, essa arma – uma comprida espingarda de um
cano para aí de dois metros e meio de comprimento. O ato parecia de homenagem
ao ocupante e as palavras, então por ele ditas, de inconsciente humildade:
– Nós
já não precisamos de armas.
–
Porquê? – perguntou o ocupante.
–
Porque nunca mais faremos a guerra!
Os
Sacerdotes e os Chefes repetiram:
– Não
precisamos de armas porque nunca mais faremos a guerra!
Outros
liurais, chefes e sacerdotes, por certo disseram o mesmo:
– ]á
não precisamos de armas porque nunca mais faremos a guerra.
Mas
palavras destas sempre foram ditas fora da floresta. Dentro dela, nunca! Porque
na floresta somente se rezava liberdade.
Ainda
hoje, meninas e meninos, mulheres e homens rezam lá liberdade.
E há
quem diga ainda ouvir, a roçar pelas árvores, a voz do liurai de Ossu a rezar
liberdade.”
Esperamos
que tenhas gostado de fazer esta viagem pelo nosso planeta e pela nossa casa que
é, no dizer de Fernando Pessoa, a língua portuguesa.
Está dado o mote. Vais continuar?