“A vida mágica da sementinha” é um dos livros mais conhecido
deste escritor, nascido em Vila Franca
de Xira a 29 de dezembro de 1911.
António Alves Redol, criado no Ribatejo, presencia desde muito cedo as
precárias condições de vida do homem rural, o que mais tarde irá refletir de
forma preponderante na sua escrita. Tendo como pano de fundo o contexto de
duras condições de vida, surge o Neorrealismo,
uma literatura de cunho político, que se opõe, veementemente, à opressão dos
regimes totalitários. Pois Alves
Redol é considerado um dos expoentes máximos do Neorrealismo
português.
Filho de um pequeno comerciante de pequeno porte,
sonhou ser médico, mas, influenciado pelo avô e dada a admiração que foi
nutrindo pelos jornalistas e escritores, passou a desejar uma vida dedicada às
letras. Assim, por volta dos 14 anos, começou a enviar textos para os jornais.
É
o início da sua vida literária, conciliando sempre o trabalho operário com a
escrita. Morrerá em Lisboa, com 57 anos, a 29 de novembro de
1969.
Alves Redol recebeu duras críticas pelo fato de a sua obra
abordar personagens, temas e situações que não eram explorados pela literatura do
seu tempo e de utilizar uma linguagem simples que incorporava a fala das
personagens de acordo com o ambiente em que viviam. Por isso, na apresentação
de “Gaibéus”,
ele próprio diz:
“Este romance não pretende ficar na literatura como obra de
arte. Quer ser, antes de tudo, um documentário humano fixado no Ribatejo.
Depois disso, será o que os outros entenderem".
Alves Redol expressa também o seu orgulho e prazer em exercer a sua
profissão:
“Se algum dia alguém me perguntasse que aprendizagem deveria um
jovem fazer para chegar a romancista, se o ofício se ensinasse, eu diria que
enquanto a vida lhe não desse todas as voltas e reviravoltas, amores,
sofrimentos, repúdios, sonhos, frustrações, equívocos, etc., etc., (...) seria
avisado que o mandasse ensinar a sapateiro, não para saber deitar tombas e
meias solas, porque nem para tanto ele usufruirá, às vezes, com a escrita, mas
para que ganhasse o hábito de padecer bem, amarrado ao assunto durante largos
anos, antes que provasse o paladar gostoso de algumas horas de pleno prazer.”
Matilde Rosa Araújo, autora de contos e
poesias para o público adulto e infantil, diz:
“Julgo que toda obra de Alves Redol vive na raiz de um profundo
respeito de amor pelos direitos do Homem. E, necessariamente, pelos direitos da
criança.”
É, pois, um autor a
conhecer. Como?
Lendo algum dos seus muitos
livros:
Romances
·
Gaibéus (1939)
·
Marés (1941)
·
Avieiros (1942)
·
Fanga (1943)
·
Anúncio (1945)
·
Porto Manso (1946)
·
Ciclo Port-Wine:
o
Horizonte Cerrado (1949)
o
Os Homens e as Sombras (1951)
o
Vindima de Sangue (1953)
·
Olhos de Água (1954)
·
A Barca dos Sete Lemes (1958)
·
Uma Fenda na Muralha (1959)
·
Cavalo Espantado (1960)
·
Barranco de cegos (1961)
·
O Muro Branco (1966)
·
Os Reinegros (1972)
Teatro
·
Maria Emília (1945)
·
Forja (1948)
·
O Destino Morreu de Repente (1967)
·
Fronteira Fechada (1972)
Contos
·
Nasci Com Passaporte de Turista (1940)
·
Espólio (1943)
·
Comboio das Seis (1946)
·
Noite Esquecida (1959)
·
Constantino, Guardador de Vacas e de Sonhos (1962)
·
Histórias Afluentes (1963)
·
Três Contos de Dentes Para o Ofício 4001(1968)
Literatura infantil
·
Vida Mágica da Semente (1956)
·
A Flor Vai Ver o Mar (1968)
·
A Flor Vai Pescar Num barco (1968)
·
Uma Flor Chamada Maria (1969)
·
Maria Flor Abre o Livro das Surpresas (1970)
Estudos
·
Glória: Uma Aldeia do Ribatejo (1938)
·
A França: Da Resistência à Renascença (1949)
·
Cancioneiro do Ribatejo (1950)
·
Ribatejo (Em Portugal Maravilhoso)
(1952)
·
Romanceiro Geral do Povo Português (1964)
Fica o
convite. E o desejo… de boas leituras!