19 de junho de 2020

Posted by Biblioteca de E.B.2,3 de Paço de Sousa in | junho 19, 2020

Quem é que nunca ouviu a expressão “mal e porcamente”?

No meio de uma descrição que se pretenda viva e impressiva o falante utiliza, bastas vezes, esta expressão, com o sentido de coisa mal feita ou feita de forma muito imperfeita.


Porém, a expressão é usada de forma errada pela generalidade das pessoas.

Realmente, a expressão original é “mal e parcamente”, com o sentido de coisa mal feita e insuficiente, logo, imperfeita.

Poupar mal e parcamente
O advérbio de modo “parcamente” resulta do substantivo “parca”, por sua vez vindo do latim “parcus”, que significa “pouco”, “reduzido”, “moderado”…

Dormir mal e parcamente
Então, o que aconteceu?

Como “parcamente” não era palavra de amplo conhecimento, o uso popular tratou de substituí-la por outra parecida, funcionando quase como uma corruptela, uma palavra mais conhecida e adequada ao que se pretendia dizer. 

E ficou "mal e porcamente"!

Comer mal e parcamente
Para corroborar o que foi dito, vejamos este pequeno vídeo:


A expressão correta é, portanto "mal e parcamente" que significa fazer pouco e mal.

Estudar mal e parcamente
Entretanto, há quem diga (mas sem qualquer consistência) que a expressão tem a sua origem na mitologia romana porque tinha a ver com as deusas Parcas (as três irmãs Moiras da mitologia grega).


Filhas de Nix (a noite), estas eram divindades que controlavam o destino dos mortais e determinavam o curso da vida humana, decidindo questões como a vida e a morte, de maneira que nem Zeus, o pai dos deuses, podia contestar as suas decisões.

Também designadas por Fates (de onde resulta o termo fatalidade), são as três deusas latinas Nona, Décima e Morta (em grego Cloto – que significava fiar –, Láquesis – que significava sortear – e Átropos – que significava inevitável) e geralmente eram retratadas dentro de uma gruta sombria que simbolizava tanto o útero que gera a vida como a túmulo para o qual se retorna.

Ou seja, o início, o meio e o fim da vida!

Nona tece o fio da vida (e a gravidez humana é de nove meses, da primeira à nona lua), Décima cuida da extensão e caminho da vida (o nascimento efetivo, o corte do cordão umbilical, o início da vida terrena, o individuo definido, a chamada décima lua) e Morta corta o fio da vida (o fim da vida terrena, o qual pode ocorrer a qualquer momento).


Assim, a expressão "mal e parcamente" servia para dizer que, se as coisas não iam bem, a responsabilidade deveria ser atribuída à ação das deusas que cuidavam da sorte dos homens.

A BE deseja a todos um fantástico fim-de-semana!
E que nada seja feito mal e parcamente!