Quem
é que nunca ouviu a expressão “mal e porcamente”?
No
meio de uma descrição que se pretenda viva e impressiva o falante utiliza,
bastas vezes, esta expressão, com o sentido de coisa mal feita ou feita de
forma muito imperfeita.
Porém,
a expressão é usada de forma errada pela generalidade das pessoas.
Realmente,
a expressão original é “mal e parcamente”, com o sentido de
coisa mal feita e insuficiente, logo, imperfeita.
Poupar mal e parcamente |
O
advérbio de modo “parcamente” resulta do substantivo “parca”, por sua vez vindo
do latim “parcus”, que significa “pouco”, “reduzido”, “moderado”…
Dormir mal e parcamente |
Então, o que aconteceu?
Como “parcamente” não era palavra de amplo
conhecimento, o uso popular tratou de substituí-la por outra parecida, funcionando
quase como uma corruptela, uma palavra mais conhecida e adequada ao que se
pretendia dizer.
E ficou "mal e porcamente"!
Comer mal e parcamente |
Para corroborar o que foi dito, vejamos este pequeno
vídeo:
A expressão correta é, portanto "mal e parcamente"
que significa fazer pouco e mal.
Estudar mal e parcamente |
Entretanto, há quem diga (mas sem qualquer
consistência) que a expressão tem a sua origem na mitologia romana porque tinha
a ver com as deusas Parcas (as três irmãs Moiras da mitologia grega).
Filhas de Nix (a noite), estas eram divindades
que controlavam o destino dos mortais e determinavam o curso da vida humana,
decidindo questões como a vida e a morte, de maneira que nem Zeus, o pai dos
deuses, podia contestar as suas decisões.
Também designadas por Fates (de onde resulta o
termo fatalidade), são as três deusas latinas Nona, Décima
e Morta
(em grego Cloto – que significava fiar –, Láquesis – que significava
sortear – e Átropos – que significava
inevitável) e geralmente eram retratadas dentro de uma gruta sombria que
simbolizava tanto o útero que gera a vida como a túmulo para o qual se retorna.
Ou seja, o início, o meio e o fim da vida!
Nona tece o fio da vida (e a gravidez humana
é de nove meses, da primeira à nona lua), Décima cuida da extensão e caminho
da vida (o nascimento efetivo, o corte do cordão umbilical, o início da vida
terrena, o individuo definido, a chamada décima lua) e Morta corta o fio da vida
(o fim da vida terrena, o qual pode ocorrer a qualquer momento).
Assim, a expressão "mal e parcamente" servia
para dizer que, se as coisas não iam bem, a responsabilidade deveria ser atribuída
à ação das deusas que cuidavam da sorte dos homens.
A BE deseja a todos um fantástico fim-de-semana!
E que nada seja feito mal e parcamente!