E
continuamos com a nossa proposta de, à terça e à sexta de cada semana deste mês
de maio, descobrir um bocadinho da literatura, da história e das belezas de
cada um dos nove Países que integram a CPLP,
a Comunidade de Países de Língua Portuguesa.
Assim, hoje, saltaremos a Guiné
Equatorial (por ser um caso especial da CPLP) e, por ordem alfabética…
MOÇAMBIQUE!
Ao centro, a Catedral de Maputo |
A
República de Moçambique, país localizado no sudeste de África, é banhado pelo
Oceano Índico a leste e faz fronteira com a Tanzânia ao norte, o Malawi e a
Zâmbia a noroeste, o Zimbabwe a oeste e a África do Sul a sudoeste.
Arquipélago de Bazaruto |
O
nome Moçambique, primeiramente utilizado para a ilha de Moçambique, primeira
capital da colónia, teria derivado do nome de um comerciante árabe que ali
viveu, Musa Al Bik, Mossa Al Bique ou Ben Mussa Mbiki.
Arquipélago de Bazaruto |
A
capital e maior cidade do país é Maputo, chamada Lourenço Marques durante o
domínio português.
Maputo, capital de Moçambique |
Até ao
século V, povos bantos migraram de regiões do norte e oeste para essa região.
Portos comerciais suaílis e, mais tarde, árabes, existiram no litoral moçambicano
até a chegada dos europeus.
A
área foi reconhecida por Vasco da Gama em 1498 e em 1505 foi anexada pelo
Império Português.
Vasco da Gama (1469-1524) |
Depois
de mais de quatro séculos de domínio português, Moçambique torna-se
independente a 25 de junho de 1975. Mas logo depois, de 1977 a 1992, o país
mergulhou numa guerra civil intensa e prolongada.
Uma
das zonas mais conhecida deste país é o Parque Nacional da Gorongosa,
localizado na província de Sofala, com uma área de 3 770 quilómetros quadrados,
no extremo sul do grande vale do Rift da Africa Oriental.
A exuberância da
paisagem e a particularidade da fauna bravia deste Parque tornam-no um dos
principais atrativos turísticos do país.
O
português é a língua oficial e a mais falada do país, usada por cerca de metade
da população (50,4%). O restante são as línguas bantas.
A sua
bandeira (adotada desde maio de 1983), e à semelhança de outras em África, baseia-se
nas três cores (verde, vermelho e amarelo, as chamadas cores pan-africanas, em
favor da liberdade e da unidade africanas) da bandeira da Etiópia (cores essas
que já sabemos simbolizarem inicialmente as três pessoas da Santíssima
Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo) mais a cor preta (referência à “Black
Star Line” do ativista afro-americano Marcus Garvey, uma companhia de navegação
que existiu entre 1919 e 1922, para transportar afro-americanos dos EUA para se
estabelecerem em África) e duas linhas brancas.
Sobre
o triângulo vermelho, uma estrela amarela (simbolizando o Marxismo) e, sobre
ela, um livro aberto (simbolizando a educação), uma enxada (simbolizando a
agricultura) e uma kalashnikov (simbolizando a defesa e a luta).
Com a
ilustração seguinte, vamos dar-te a conhecer um conto tradicional deste povo:
Roberto Chichorro (1941) |
MOÇAMBIQUE
A
Lenda do Rato e do Caçador
"Antigamente,
havia um caçador que usava armadilhas, abrindo covas no chão. Ele tinha uma
mulher que era cega e fizera com ela três filhos. Um dia, quando visitava as
suas armadilhas, encontrou – se com um leão:
– Bom
dia, senhor! Que fazes por aqui no meu território? – perguntou o leão.
–
Ando a ver se as minhas armadilhas apanharam alguma coisa. – respondeu o homem.
– Tu
tens de pagar um tributo, pois esta região pertence-me. O primeiro animal que
apanhares é teu e o segundo meu e assim sucessivamente.
O
homem concordou e convidou o leão a visitar as armadilhas, uma das quais tinha
uma presa: uma gazela. Conforme o combinado, o animal ficou para o dono das
armadilhas.
Passado
algum tempo, o caçador foi visitar os seus familiares e não voltou no mesmo
dia. A mulher, necessitando de carne, resolveu ir ver se alguma das armadilhas
tinha presa. Ao tentar encontrar as armadilhas, caiu numa delas com a criança
que trazia ao colo. O leão que estava à espreita entre os arbustos, viu que a
presa era uma pessoa e ficou à espera que o caçador viesse para este lhe
entregar o animal, conforme o contrato.
No
dia seguinte, o homem chegou a sua casa e não encontrou nem a mulher nem o filho
mais novo. Resolveu, então, seguir as pegadas que a sua mulher tinha deixado,
que o guiaram até à zona das armadilhas. Quando aí chegou, viu que a presa do
dia era a sua mulher e o filho. O leão, lá de longe, exclamou ao ver o homem a
aproximar-se:
– Bom
dia amigo! Hoje é a minha vez! A armadilha apanhou dois animais ao mesmo tempo.
Já tenho os dentes afiados para os comer!
–
Amigo leão, conversemos sentados. A presa é a minha mulher e o meu filho.
– Não
quero saber de nada. Hoje a caçada é minha, como rei da selva e conforme o
combinado! – protestou o leão.
De
súbito, apareceu o rato.
– Bom
dia titios! O que se passa? – disse o pequeno animal.
–
Este homem está a recusar-se a pagar o seu tributo em carne, segundo o
combinado.
–
Titio, se concordaram assim, porque não cumpres? Pode ser a tua mulher ou o teu
filho, mas deves entregá-los.
Deixa
isso e vai-te embora – disse o rato ao homem.
Muito
contrariado, o caçador retirou-se do local da conversa, ficando o rato, a
mulher, o filho e o leão.
–
Ouve, tio leão, nós já convencemos o homem a dar-te as presas. Agora deves-me
explicar como é que a
mulher
foi apanhada. Temos que experimentar como é que esta mulher caiu na armadilha –
e levou o leão
para
perto de outra armadilha.
Ao
fazer a experiência, o leão caiu na armadilha. Então, o rato salvou a mulher e
o filho, mandando-os para casa.
A
mulher, vendo-se salva de perigo, convidou o rato a ir viver para a sua casa,
comendo tudo o que ela e a sua família comiam. Foi a partir daqui que o rato
passou a viver em casa do homem, roendo tudo quanto existe…"
Gostaste?
Então, até sexta-feira para novo País, nova história!