19 de maio de 2020

Posted by Biblioteca de E.B.2,3 de Paço de Sousa in | maio 19, 2020

E continuamos com a nossa proposta de, à terça e à sexta de cada semana deste mês de maio, descobrir um bocadinho da literatura, da história e das belezas de cada um dos nove Países que integram a CPLP, a Comunidade de Países de Língua Portuguesa. 
Assim, hoje, saltaremos a Guiné Equatorial (por ser um caso especial da CPLP) e, por ordem alfabética… MOÇAMBIQUE!

Ao centro, a Catedral de Maputo

A República de Moçambique, país localizado no sudeste de África, é banhado pelo Oceano Índico a leste e faz fronteira com a Tanzânia ao norte, o Malawi e a Zâmbia a noroeste, o Zimbabwe a oeste e a África do Sul a sudoeste.

Arquipélago de Bazaruto

O nome Moçambique, primeiramente utilizado para a ilha de Moçambique, primeira capital da colónia, teria derivado do nome de um comerciante árabe que ali viveu, Musa Al Bik, Mossa Al Bique ou Ben Mussa Mbiki.

Arquipélago de Bazaruto

A capital e maior cidade do país é Maputo, chamada Lourenço Marques durante o domínio português.

Maputo, capital de Moçambique

Até ao século V, povos bantos migraram de regiões do norte e oeste para essa região. Portos comerciais suaílis e, mais tarde, árabes, existiram no litoral moçambicano até a chegada dos europeus.
A área foi reconhecida por Vasco da Gama em 1498 e em 1505 foi anexada pelo Império Português.

Vasco da Gama (1469-1524)

Depois de mais de quatro séculos de domínio português, Moçambique torna-se independente a 25 de junho de 1975. Mas logo depois, de 1977 a 1992, o país mergulhou numa guerra civil intensa e prolongada.


Uma das zonas mais conhecida deste país é o Parque Nacional da Gorongosa, localizado na província de Sofala, com uma área de 3 770 quilómetros quadrados, no extremo sul do grande vale do Rift da Africa Oriental. 


A exuberância da paisagem e a particularidade da fauna bravia deste Parque tornam-no um dos principais atrativos turísticos do país.


O português é a língua oficial e a mais falada do país, usada por cerca de metade da população (50,4%). O restante são as línguas bantas.


A sua bandeira (adotada desde maio de 1983), e à semelhança de outras em África, baseia-se nas três cores (verde, vermelho e amarelo, as chamadas cores pan-africanas, em favor da liberdade e da unidade africanas) da bandeira da Etiópia (cores essas que já sabemos simbolizarem inicialmente as três pessoas da Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo) mais a cor preta (referência à “Black Star Line” do ativista afro-americano Marcus Garvey, uma companhia de navegação que existiu entre 1919 e 1922, para transportar afro-americanos dos EUA para se estabelecerem em África) e duas linhas brancas.
Sobre o triângulo vermelho, uma estrela amarela (simbolizando o Marxismo) e, sobre ela, um livro aberto (simbolizando a educação), uma enxada (simbolizando a agricultura) e uma kalashnikov (simbolizando a defesa e a luta).

Com a ilustração seguinte, vamos dar-te a conhecer um conto tradicional deste povo:

Roberto Chichorro (1941)
MOÇAMBIQUE
A Lenda do Rato e do Caçador

"Antigamente, havia um caçador que usava armadilhas, abrindo covas no chão. Ele tinha uma mulher que era cega e fizera com ela três filhos. Um dia, quando visitava as suas armadilhas, encontrou – se com um leão:
– Bom dia, senhor! Que fazes por aqui no meu território? – perguntou o leão.
– Ando a ver se as minhas armadilhas apanharam alguma coisa. – respondeu o homem.
– Tu tens de pagar um tributo, pois esta região pertence-me. O primeiro animal que apanhares é teu e o segundo meu e assim sucessivamente.
O homem concordou e convidou o leão a visitar as armadilhas, uma das quais tinha uma presa: uma gazela. Conforme o combinado, o animal ficou para o dono das armadilhas.
Passado algum tempo, o caçador foi visitar os seus familiares e não voltou no mesmo dia. A mulher, necessitando de carne, resolveu ir ver se alguma das armadilhas tinha presa. Ao tentar encontrar as armadilhas, caiu numa delas com a criança que trazia ao colo. O leão que estava à espreita entre os arbustos, viu que a presa era uma pessoa e ficou à espera que o caçador viesse para este lhe entregar o animal, conforme o contrato.
No dia seguinte, o homem chegou a sua casa e não encontrou nem a mulher nem o filho mais novo. Resolveu, então, seguir as pegadas que a sua mulher tinha deixado, que o guiaram até à zona das armadilhas. Quando aí chegou, viu que a presa do dia era a sua mulher e o filho. O leão, lá de longe, exclamou ao ver o homem a aproximar-se:
– Bom dia amigo! Hoje é a minha vez! A armadilha apanhou dois animais ao mesmo tempo. Já tenho os dentes afiados para os comer!
– Amigo leão, conversemos sentados. A presa é a minha mulher e o meu filho.
– Não quero saber de nada. Hoje a caçada é minha, como rei da selva e conforme o combinado! – protestou o leão.
De súbito, apareceu o rato.
– Bom dia titios! O que se passa? – disse o pequeno animal.
– Este homem está a recusar-se a pagar o seu tributo em carne, segundo o combinado.
– Titio, se concordaram assim, porque não cumpres? Pode ser a tua mulher ou o teu filho, mas deves entregá-los.
Deixa isso e vai-te embora – disse o rato ao homem.
Muito contrariado, o caçador retirou-se do local da conversa, ficando o rato, a mulher, o filho e o leão.
– Ouve, tio leão, nós já convencemos o homem a dar-te as presas. Agora deves-me explicar como é que a
mulher foi apanhada. Temos que experimentar como é que esta mulher caiu na armadilha – e levou o leão
para perto de outra armadilha.
Ao fazer a experiência, o leão caiu na armadilha. Então, o rato salvou a mulher e o filho, mandando-os para casa.
A mulher, vendo-se salva de perigo, convidou o rato a ir viver para a sua casa, comendo tudo o que ela e a sua família comiam. Foi a partir daqui que o rato passou a viver em casa do homem, roendo tudo quanto existe…"

Gostaste? Então, até sexta-feira para novo País, nova história!