7 de maio de 2020

Posted by Biblioteca de E.B.2,3 de Paço de Sousa in | maio 07, 2020
Hoje começamos uma nova rubrica: Bibliotecas do Mundo!
Lugares físicos de reunião de livros, foram sempre espaços a que se deu grande importância.
São a morada da sabedoria! Mesmo hoje, com todos os meios digitais de que dispomos, as bibliotecas, enquanto edifícios com livros, continuam a ser fundamentais na guarda e na transmissão do conhecimento. 
Assim, até ao final de junho, em cada semana, daremos a conhecer uma biblioteca diferente. 
E começamos por Portugal!

A chamada Biblioteca Joanina ou, tão só, a Joanina, é um edifício do século XVIII e está situada no pátio da Faculdade de Direito no Paço das Escolas da Universidade de Coimbra. 


É uma das mais originais e fabulosas bibliotecas barrocas da Europa. Além de local de pesquisa e estudo de muitos estudiosos, o seu espaço é ainda frequentemente utilizado para concertos, exposições e outras manifestações culturais.


A sua construção, no âmbito do projeto régio de D. João V (daí o nome Joanina) de reforma dos estudos universitários, muito devido à difusão das correntes iluministas em Portugal, teve lugar entre 1717 e 1728, no exterior do primitivo perímetro islâmico da cidade e sobre o antigo cárcere do Paço Real.


Exteriormente é um vasto paralelepípedo muito simples, salientando-se apenas o portal nobre, de estilo barroco, encimado por um grande escudo nacional do tempo do monarca que a mandou construir. No entanto, aberta a porta, o interior é deslumbrante!


Compõe-se de três salas que comunicam entre si através de arcos idênticos ao do portal e integralmente revestidos de estantes em chinoiserie (decoração com motivos chineses), muito ao gosto da época. Porém, atente-se no pormenor: na primeira sala em contraste ouro sobre fundo verde, na segunda, ouro sobre fundo vermelho e, na última, ouro sobre fundo negro.


Obra de artistas portugueses, o mestre-de-obras foi João Carvalho Ferreira, não se sabendo, contudo, o nome do autor do projeto. Porém, a decoração pintada só foi realizada alguns anos mais tarde, já nas vésperas da Reforma operada pelo Marquês de Pombal no reinado de D. José I, filho de D. João V: as pinturas (chamadas frescos devido à técnica utilizada) dos tetos e cimalhas foram executados por António Simões Ribeiro, pintor, e Vicente Nunes, dourador. 




O grande retrato do Rei D. João V, executado em 1830, no eixo central do imenso espaço, é atribuído, sem grandes certezas, ao italiano Domenico Duprà, supostamente o único artista estrangeiro a trabalhar nesta empresa, sendo a pintura e o douramento das estantes, onde repousam cerca de 300 mil livros, realizada por Manuel da Silva. 






A nave central da Joanina faz com que esta biblioteca, espaço “sagrado” para livros e para o saber, se assemelhe a uma capela, em que o retrato de D. João V ocupa o lugar do altar. A moldura dourada da tela imita uma cortina que se abre para exibir, numa "esplendorosa composição alegórica", o rei. 


O mobiliário, em madeiras exóticas, brasileiras e orientais, foi executado pelo entalhador Francesco Gualdini.



As fotos permitem dar uma ideia do esplendor desta biblioteca. Porém, agora que estamos mais por casa, fica o convite para uma "visita virtual"!