Hoje
começamos uma nova rubrica: Bibliotecas do Mundo!
Lugares
físicos de reunião de livros, foram sempre espaços a que se deu grande
importância.
São a
morada da sabedoria! Mesmo hoje, com todos os meios digitais de que dispomos,
as bibliotecas, enquanto edifícios com livros, continuam a ser fundamentais na
guarda e na transmissão do conhecimento.
Assim, até ao final de junho, em cada semana,
daremos a conhecer uma biblioteca diferente.
E começamos por Portugal!
A chamada Biblioteca Joanina ou, tão só, a Joanina, é
um edifício do século XVIII e está situada no pátio da Faculdade de Direito no
Paço das Escolas da Universidade de Coimbra.
É uma das mais originais e fabulosas bibliotecas
barrocas da Europa. Além de local de pesquisa e estudo de muitos estudiosos, o seu
espaço é ainda frequentemente utilizado para concertos, exposições e outras
manifestações culturais.
A sua
construção, no âmbito do projeto régio de D. João V (daí o nome Joanina) de
reforma dos estudos universitários, muito devido à difusão das correntes
iluministas em Portugal, teve lugar entre 1717 e 1728, no exterior do primitivo
perímetro islâmico da cidade e sobre o antigo cárcere do Paço Real.
Exteriormente
é um vasto paralelepípedo muito simples, salientando-se apenas o portal nobre, de estilo barroco,
encimado por um grande escudo nacional do tempo do monarca que a mandou
construir. No entanto, aberta a porta, o interior é deslumbrante!
Compõe-se
de três salas que comunicam entre si através de arcos idênticos ao do portal e
integralmente revestidos de estantes em chinoiserie
(decoração com motivos chineses), muito ao gosto da época. Porém, atente-se no
pormenor: na primeira sala em contraste ouro sobre fundo verde, na segunda,
ouro sobre fundo vermelho e, na última, ouro sobre fundo negro.
Obra
de artistas portugueses, o mestre-de-obras foi João Carvalho Ferreira, não se sabendo, contudo, o nome do autor do projeto. Porém, a
decoração pintada só foi realizada alguns anos mais tarde, já nas vésperas da
Reforma operada pelo Marquês de Pombal no reinado de D. José I, filho de D.
João V: as pinturas (chamadas frescos devido à técnica utilizada) dos tetos e
cimalhas foram executados por António Simões Ribeiro, pintor, e Vicente Nunes,
dourador.
O grande retrato do Rei D. João V, executado em 1830, no eixo central
do imenso espaço, é atribuído, sem grandes certezas, ao italiano Domenico
Duprà, supostamente o único artista estrangeiro a trabalhar nesta empresa, sendo a
pintura e o douramento das estantes, onde repousam cerca de 300 mil livros, realizada
por Manuel da Silva.
A nave central da Joanina faz com que esta biblioteca,
espaço “sagrado” para livros e para o saber, se assemelhe a uma capela, em que
o retrato de D. João V ocupa o lugar do altar. A moldura dourada da tela imita
uma cortina que se abre para exibir, numa "esplendorosa composição
alegórica", o rei.
O mobiliário, em madeiras exóticas, brasileiras e
orientais, foi executado pelo entalhador Francesco Gualdini.
As
fotos permitem dar uma ideia do esplendor desta biblioteca. Porém, agora que
estamos mais por casa, fica o convite para uma "visita virtual"!