Mário de Sá-Carneiro (1890-1916) |
No AUTOR DO MÊS de maio, vamos descobrir Mário
de Sá-Carneiro, nascido a 19 de maio de 1890, na rua dos Retroseiros (atual rua
da Conceição), em Lisboa, no seio de uma abastada família, sendo filho e neto
de militares.
Lisboa (fins do século XIX) |
Começa a escrever poesia aos 12 anos, sendo que aos 15 já traduzia Victor Hugo e com 16, Goethe e Schiller. No liceu teve ainda algumas experiências episódicas como ator. Em 1911, com 21 anos, vai para Coimbra, onde se matricula na Faculdade de Direito, mas não conclui sequer o primeiro ano.
Universidade de Coimbra (início do século XX) |
Universidade da Sorbonne, Paris |
Fernando Pessoa (1888-1935) |
Em 1913
e 1914, Mário Sá-Carneiro viaja para Lisboa com uma certa regularidade, devido
ao conflito entre a Sérvia e a Áustria-Hungria, o qual a breve trecho se torna na I Guerra Mundial.
Corpo Expedicionário Português na I Guerra Mundial (1914-1918) |
Com Fernando
Pessoa e Almada Negreiros integra o primeiro grupo modernista português (o
qual, influenciado pelas vanguardas culturais europeias, pretendia escandalizar
a sociedade burguesa e urbana da época), sendo responsável pela edição da
revista literária “Orpheu”, editada por António Ferro, e que por isso mesmo
ficou sendo conhecido como a Geração d’Orpheu ou Grupo d’Orpheu.
Almada Negreiros (1893-1970) |
Paris (início do século XX) |
Em julho
de 1915 regressa a Paris, escrevendo a Fernando Pessoa cartas de uma crescente
angústia, nas quais ressalta não apenas a imagem de um homem perdido no
«labirinto de si próprio», mas também a evolução e a maturidade da sua escrita.
Uma vez que a vida que tem não lhe agrada, Mário de
Sá-Carneiro entra numa cada vez maior angústia, que virá a conduzi-lo ao
suicídio, com 25 anos de idade, a 26 de abril de 1916, no seu quarto no Hotel de
Nice, no bairro de Montmartre em Paris, onde
vivia, com o recurso a cinco frascos de arseniato de estricnina.
Place du Tertre, Montmartre, Paris |
Eis o seu poema Quase,
dito pela atriz portuguesa Carmen Dolores:
Também o seu poema Fim
foi musicado por um grupo português no final dos anos 1980, os Trovante:
Mais tarde, também o
seu poema O Outro foi musicado pela cantora brasileira Adriana Calcanhoto:
Em 1914, Mário de
Sá-Carneiro publica duas obras: o livro de poemas “Dispersão” e a novela
“A Confissão de Lúcio”.
Ora, esta única novela é a sua obra mais emblemática porque contém três das suas obsessões dominantes: o suicídio, o amor e o anormal avançando até à loucura.
Ora, esta única novela é a sua obra mais emblemática porque contém três das suas obsessões dominantes: o suicídio, o amor e o anormal avançando até à loucura.
“A Confissão de Lúcio”
caracteriza-o nas suas angústias e modo de ver a vida. A personagem Lúcio
Vaz é quase uma cópia de si próprio, e o enredo é o desejo de alcançar
a perfeição de Ricardo de Loureiro, outra personagem da obra, pois todo o
drama desta narrativa se desenrola em torno do desejo de o Eu possuir o Outro,
ou seja, de Lúcio possuir Ricardo e vice versa. O triângulo amoroso de Lúcio
com Marta, mulher de Ricardo, deslinda um final de tragédia: Marta desaparece e
Ricardo morre.
Apresentado sob a forma de romance policial, o conto inicia-se
com uma breve introdução, em que o narrador, Lúcio, assumindo-se como autor,
justifica o seu objetivo: confessar-se inocente após ter cumprido os dez anos
de prisão a que fora condenado pelo assassinato do amigo Ricardo de Loureiro. O
narrador promete dizer toda a verdade, "mesmo quando ela é
inverosímil", sobre essa morte ocorrida em circunstâncias misteriosas e
sem testemunhas, mas considerada judicialmente "crime passional"…
É a nossa sugestão
de leitura para maio.
Boas leituras!