José Saramago conta no seu livro As pequenas memórias o porquê de se chamar Saramago. “Que esse Saramago não era um apelido do lado paterno, mas sim a alcunha por que a família era conhecida na aldeia. Que indo o meu pai a declarar no Registo Civil da Golegã o nascimento do segundo filho, sucedeu que o funcionário (chama-se ele Silvino) estava bêbado (por despeito, disso o acusaria sempre o meu pai), e que, sob os efeitos do álcool e sem que ninguém se tivesse apercebido da onomástica fraude, decidiu, por sua conta e risco, acrescentar Saramago ao lacónico José de Sousa que o meu pai pretendia que eu fosse. E que, desta maneira, [...], não precisei de inventar um pseudónimo para, futuro havendo, assinar os meus livros. [...] Mas o pior de tudo foi quando, chamando-se ele unicamente José de Sousa, [...] e para que tudo ficasse no próprio, no são e no honesto, meu pai não teve outro remédio que proceder a uma nova inscrição do seu nome, passando a chamar-se, ele também, José de Sousa Saramago. Suponho que deverá ter sido o único caso, na história da humanidade que foi o filho a dar o nome ao pai.”
José Saramago refere na sua autobiografia que “embora tivesse vindo ao mundo no dia 16 de Novembro de 1922, os meus documentos oficiais referem que nasci dois dias depois, a 18: foi graças a esta pequena fraude que a família escapou ao pagamento da multa por falta de declaração do nascimento no prazo legal”. Nascido na aldeia da Azinhaga, fez os seus estudos em Lisboa. Bom aluno na escola primária, conta que na segunda classe já escrevia sem erros ortográficos, e a terceira e quarta classes foram feitas num só ano. Por falta de meios não continuou o liceu e matriculou-se numa escola profissional onde aprendeu o ofício de serralheiro mecânico.
José Saramago refere que “como não tinha livros em casa (livros meus, comprados por mim, ainda que com dinheiro emprestado por um amigo, só os pude ter aos 19 anos), foram os livros escolares de Português, pelo seu carácter “antológico”, que me abriram as portas para a fruição literária”. Foi também também por essas alturas que começou a frequentar, nos períodos nocturnos de funcionamento, uma biblioteca pública de Lisboa. E que “foi aí, sem ajudas nem conselhos, apenas guiado pela curiosidade e pela vontade de aprender, que o meu gosto pela leitura se desenvolveu e apurou”.
Do seu primeiro casamento nasceu a sua única filha Violante. Em 1986 conheceu a jornalista espanhola Pilar del Río. Casaram-se em 1988.
Em 1995 foi-lhe atribuído o Prémio Camões, e em 1998 o Prémio Nobel da Literatura.
Autor de mais de 40 obras, os livros de José Saramago estão publicados em 60 países e traduzidos em mais de 45 idiomas.
José Saramago faleceu a 18 de junho de 2010.