Ana
Maria Magalhães, a personalidade
do nosso “Autor do Mês” de fevereiro, e a sua companheira de escrita, Isabel Alçada,
escreveram um livro sobre igualdade
de género.
Em Portugal, este princípio está
previsto na Constituição, no Artigo 13º:
“Todos os cidadãos têm
a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.”
Daqui se entende que igualdade de género
significa dar igual visibilidade, poder e participação de homens e mulheres em
todas as esferas da vida privada e/ou pública.
Ana
Maria Magalhães e Isabel Alçada aceitaram
o desafio da Imprensa Nacional — em parceria com o iGen-Fórum de Organizações
para a Igualdade, que agrega 69 organizações — para escreverem um livro sobre o
tema e escolheram, como protagonista, uma rapariga que quer ir para a Força
Aérea.
“Hoje
é permitido e pode fazê-lo, mas como vão as pessoas reagir?” Foi desta pergunta que partiram para
acompanhar a reação dos amigos e suas famílias sobre “a igualdade de direitos e
oportunidades” entre mulheres e homens.
Este novo livro chama-se “O longo caminho para a
igualdade-mulheres e homens no século XXI” e levanta questões sobre
igualdade de género: pode uma rapariga ir para a Força Aérea?
Vamos ler o que as autoras dizem!
Isabel
Alçada:
“ - A melhor forma de as pessoas
pensarem sobre os assuntos é colocarem-se na pele de personagens, sobretudo os
jovens, e equacionarem o problema, não de uma forma abstrata, mas numa situação
concreta.
Tivemos de analisar a nossa própria
visão destas questões para poder escrever o livro de uma forma o mais possível
isenta. Não queremos “endoutrinar”, de maneira nenhuma, queremos, sim,
esclarecer, para que as pessoas pensem no assunto e vejam onde está a justiça
das situações. De facto, ainda
não há igualdade de género. Se não fizermos nada, é mais difícil que as
pessoas pensem que não é assim que deve ser.
Ora, o esquema de valores, princípios
e costumes vigente naturaliza a desigualdade. Veja-se o caso da Força Aérea,
onde as mulheres só podem entrar desde 1990: as mulheres têm o direito de lá
estar, mas não é costume fazerem essa opção.
Houve uma mudança abissal. Estamos muito melhor agora, mas
a igualdade não existe ainda. E a primeira coisa para conseguir melhorar
a situação da mulher é ter consciência de que ela, a igualdade, não existe.
Hoje, aos 70 anos, recordo que o meu
pai não levava nada a bem a intenção que manifestava, em adolescente, de querer
ter uma vida profissional. Mas a minha mãe, que não trabalhava, defendia-me.
Na prática, ainda há áreas vedadas às mulheres. No entanto, é também preciso apoiar os rapazes, sobretudo no caso da leitura. Há estudos que demonstram que as meninas leem mais do que os meninos. Ora, a leitura é absolutamente infraestrutural de todo o trabalho escolar.”
Ana
Maria Magalhães:
“ - Somos diferentes, homens e
mulheres, e vamos continuar a ser. Falta o mais difícil: o preconceito que
existe dentro de nós. São séculos de história e isso não se apaga por decreto. Sou
muito grata às sufragistas e às feministas. Mesmo as pessoas mais evoluídas têm preconceitos que nem
sabem que têm. À igualdade não se chegará de um dia para o outro, mas a
pouco e pouco, levará ainda mais uma geração ou duas.
Em casa dos meus pais vivia num
verdadeiro matriarcado, se fosse perguntar ao pai se podia fazer alguma coisa
ele respondia “vai perguntar à mãe”. Eduquei a minha filha e o meu filho exatamente
da mesma maneira.
A igualdade tem que funcionar nos dois sentidos, porque se uma rapariga hoje diz que vai para a Força Aérea e isso desencadeia uma conversa em que nem todos estão de acordo, se um rapaz disser que quer ser educador de infância e ir trabalhar para uma creche também desencadeia uma conversa em que as pessoas também não estão de acordo.”
Estas duas autoras, professoras de
Português e que já publicaram juntas mais de uma centena de livros, realçam que
sempre incluíram protagonistas femininas capazes e determinadas nas suas
histórias para crianças e jovens. Por exemplo, a série “Uma Aventura…” conta
com duas meninas aventureiras e despachadas, inspiradas em duas alunas reais,
que eram do século XX mas já estavam no século XXI.
Este novo livro, dirigido a adolescentes, rapazes e raparigas, tem duas partes: uma história de ficção
e um conjunto de dados e informações reais e será lançado na próxima segunda-feira, 8 de março, Dia
Internacional da Mulher, num evento de acesso livre, às 16:30, transmitindo
em live streaming através do site do iGen:
Lá
estaremos!!