4 de março de 2021

Posted by Biblioteca de E.B.2,3 de Paço de Sousa in | março 04, 2021

 

Ana Maria Magalhães, a personalidade do nosso “Autor do Mês” de fevereiro, e a sua companheira de escrita, Isabel Alçada, escreveram um livro sobre igualdade de género.

Em Portugal, este princípio está previsto na Constituição, no Artigo 13º: “Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.”

Daqui se entende que igualdade de género significa dar igual visibilidade, poder e participação de homens e mulheres em todas as esferas da vida privada e/ou pública.

Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada aceitaram o desafio da Imprensa Nacional — em parceria com o iGen-Fórum de Organizações para a Igualdade, que agrega 69 organizações — para escreverem um livro sobre o tema e escolheram, como protagonista, uma rapariga que quer ir para a Força Aérea.

“Hoje é permitido e pode fazê-lo, mas como vão as pessoas reagir?” Foi desta pergunta que partiram para acompanhar a reação dos amigos e suas famílias sobre “a igualdade de direitos e oportunidades” entre mulheres e homens.

Este novo livro chama-se “O longo caminho para a igualdade-mulheres e homens no século XXI” e levanta questões sobre igualdade de género: pode uma rapariga ir para a Força Aérea?

Vamos ler o que as autoras dizem!

 

Isabel Alçada:

“ - A melhor forma de as pessoas pensarem sobre os assuntos é colocarem-se na pele de personagens, sobretudo os jovens, e equacionarem o problema, não de uma forma abstrata, mas numa situação concreta.

Tivemos de analisar a nossa própria visão destas questões para poder escrever o livro de uma forma o mais possível isenta. Não queremos “endoutrinar”, de maneira nenhuma, queremos, sim, esclarecer, para que as pessoas pensem no assunto e vejam onde está a justiça das situações. De facto, ainda não há igualdade de género. Se não fizermos nada, é mais difícil que as pessoas pensem que não é assim que deve ser.

Ora, o esquema de valores, princípios e costumes vigente naturaliza a desigualdade. Veja-se o caso da Força Aérea, onde as mulheres só podem entrar desde 1990: as mulheres têm o direito de lá estar, mas não é costume fazerem essa opção.

Houve uma mudança abissal. Estamos muito melhor agora, mas a igualdade não existe ainda. E a primeira coisa para conseguir melhorar a situação da mulher é ter consciência de que ela, a igualdade, não existe.

Hoje, aos 70 anos, recordo que o meu pai não levava nada a bem a intenção que manifestava, em adolescente, de querer ter uma vida profissional. Mas a minha mãe, que não trabalhava, defendia-me.

Na prática, ainda há áreas vedadas às mulheres. No entanto, é também preciso apoiar os rapazes, sobretudo no caso da leitura. Há estudos que demonstram que as meninas leem mais do que os meninos. Ora, a leitura é absolutamente infraestrutural de todo o trabalho escolar.”


Ana Maria Magalhães:

“ - Somos diferentes, homens e mulheres, e vamos continuar a ser. Falta o mais difícil: o preconceito que existe dentro de nós. São séculos de história e isso não se apaga por decreto. Sou muito grata às sufragistas e às feministas. Mesmo as pessoas mais evoluídas têm preconceitos que nem sabem que têm. À igualdade não se chegará de um dia para o outro, mas a pouco e pouco, levará ainda mais uma geração ou duas.

Em casa dos meus pais vivia num verdadeiro matriarcado, se fosse perguntar ao pai se podia fazer alguma coisa ele respondia “vai perguntar à mãe”. Eduquei a minha filha e o meu filho exatamente da mesma maneira.

A igualdade tem que funcionar nos dois sentidos, porque se uma rapariga hoje diz que vai para a Força Aérea e isso desencadeia uma conversa em que nem todos estão de acordo, se um rapaz disser que quer ser educador de infância e ir trabalhar para uma creche também desencadeia uma conversa em que as pessoas também não estão de acordo.”

Estas duas autoras, professoras de Português e que já publicaram juntas mais de uma centena de livros, realçam que sempre incluíram protagonistas femininas capazes e determinadas nas suas histórias para crianças e jovens. Por exemplo, a série “Uma Aventura…” conta com duas meninas aventureiras e despachadas, inspiradas em duas alunas reais, que eram do século XX mas já estavam no século XXI.

Este novo livro, dirigido a adolescentes, rapazes e raparigas, tem duas partes: uma história de ficção e um conjunto de dados e informações reais e será lançado na próxima segunda-feira, 8 de março, Dia Internacional da Mulher, num evento de acesso livre, às 16:30, transmitindo em live streaming através do site do iGen:

 http://forumigen.cite.gov.pt/

            Lá estaremos!!