2 de março de 2021

Posted by Biblioteca de E.B.2,3 de Paço de Sousa in | março 02, 2021

No rescaldo do jogo desta segunda feira, 1 de março, entre o Benfica e o Rio Ave, não vamos falar nem das jogadas, nem do resultado, nem dos treinadores nem tão pouco no mérito ou demérito de cada uma das equipas.

Vamos apenas falar de um dos jogadores que esteve em evidência no campo: Francisco Geraldes.

Francisco Oliveira Geraldes nasceu em Lisboa a 18 de abril de 1995. Tem, portanto, 25 anos de idade. Formado no Sporting, onde “viveu” de 2003 a 2015, foi sendo emprestado ao Moreirense F.C. (2016–2017), ao Rio Ave F.C. (2017–2018), ao Eintracht Frankfurt (2018–2019) e ao AEK Athens F.C. (2019-2020).

O seu clube atual é o Rio Ave, onde é o camisola 11.

Como tantos outros jovens gosta de surfar

… de animais

… e de namorar!

Mas a razão para falarmos dele tem a ver com uma paixão muito própria: o Francisco gosta muito… de ler!

Diz mesmo que aproveita todos os minutos livres que tem para ler — e para escrever —, tendo com os livros uma relação próxima.

Anda sempre com um livro. É parte integrante do seu dia e já se tornou um hábito. Na época de 2017-2018, o jogador foi notícia por ler, para descontrair, horas antes do jogo Sporting CP — Valência CF. 

Não foi aí que começou a ler, mas já foi acusado de fingir o hábito ou de andar sempre com um livro para mostrar que está a ler! Até chegaram a acusá-lo de ler durante o jogo. A isso ripostou: “- Isso é impossível e não tem qualquer sentido. Ao meu lado tinha o Matheus Pereira a ouvir música e ele também não estaria a ouvir música durante o jogo”.

Francisco Geraldes diz que recomendar livros a quem quer que seja (mesmo a colegas de plantel) é uma tarefa difícil pois acha que se perdeu um bocado o hábito da leitura. Cada vez se está mais numa bolha de consumo rápido. Por isso, não é fácil estar quieto num sítio a folhear um livro de 300 páginas. Além disso, muitas pessoas acham que, no imediato, a leitura não lhes dá nada e por isso não estão dispostas a “perder” esse tempo até porque há demasiados estímulos externos no mundo.

Francisco Geraldes continua a contrariar o preconceito de que o futebol e a literatura não podem coexistir num jogador profissional de futebol ou em quem se interessa por desporto. Puro disparate!

Há já algum tempo criou o blogue “A Biblioteca do Geraldes” para falar sobre livros e leituras.

 

E agora, e em parceria com o Plano Nacional de Leitura e o seu atual clube, o Rio Ave, o médio ofensivo português, criou a rubrica “As Leituras do Francisco“, para ajudar a criar “uma sociedade mais preparada“, promovendo “a leitura junto dos mais novos, mostrando que o livro é o alimento da alma, do conhecimento, da partilha, da experiência e da sabedoria”.

E diz ainda:

“Com esta iniciativa pretendo criar consciência. Creio que terá sido essa a mais valia que a literatura me deu: um despertar. Através da criação das minhas próprias imagens, emergi e tomei consciência de muitos estados de espírito e visões que sempre me foram alheias. Saí diferente daquele que era quando entrei. Quando se termina um livro de Saramago, de Valter Hugo Mãe, de Fernando Pessoa, de Orwell, Kafka ou Thoreau, nunca se é a mesma pessoa depois de se abrir um livro e de o começar a ler. É isto que quero levar o leitor a experienciar.”

Podemos visualizar o primeiro vídeo desta iniciativa, do passado dia 18 de fevereiro, gravado na Casa-Museu de José Régio em Vila do Conde, no qual Geraldes sugere “O Principezinho“, de Antoine de Saint-Exupéry, onde lê um excerto e faz um paralelismo com a filósofa política Hannah Arendt, “Alice no País das Maravilhas“, de Lewis Carroll, “A Noite“, de Elie Wiesel e “Mil Sóis Resplandecentes“, de Khaled Hosseini.

https://youtu.be/89PjezQaLOo

Recentemente, Geraldes também escreveu duas crónicas para a Comunidade Cultura e Arte: “Modernidade líquida” e “Não matem a cotovia”

É caso para dizer: “Gooooooolooooo!!”