No rescaldo do jogo desta segunda feira,
1 de março, entre o Benfica e o Rio Ave, não vamos falar nem das jogadas, nem do
resultado, nem dos treinadores nem tão pouco no mérito ou demérito de cada uma
das equipas.
Vamos apenas falar de um dos
jogadores que esteve em evidência no campo: Francisco Geraldes.
Francisco Oliveira Geraldes nasceu em Lisboa
a 18 de
abril de 1995. Tem, portanto, 25 anos de idade.
Formado no Sporting, onde “viveu” de 2003 a 2015, foi sendo emprestado
ao Moreirense F.C. (2016–2017), ao Rio Ave F.C. (2017–2018), ao Eintracht
Frankfurt (2018–2019) e ao AEK Athens F.C. (2019-2020).
O seu clube atual é o Rio Ave, onde é o
camisola 11.
Como tantos outros jovens gosta de surfar…
… de animais…
… e de namorar!
Mas a razão para falarmos dele tem a
ver com uma paixão muito própria: o Francisco gosta muito… de ler!
Diz mesmo que aproveita todos os
minutos livres que tem para ler — e para escrever —, tendo com os livros uma
relação próxima.
Anda sempre com um livro. É parte integrante do seu dia e já se tornou um hábito. Na época de 2017-2018, o jogador foi notícia por ler, para descontrair, horas antes do jogo Sporting CP — Valência CF.
Não foi aí que começou a ler, mas já foi acusado de fingir o
hábito ou de andar sempre com um livro para mostrar que está a ler! Até chegaram
a acusá-lo de ler durante o jogo. A isso ripostou: “- Isso é impossível e não
tem qualquer sentido. Ao meu lado tinha o Matheus Pereira a ouvir música e ele
também não estaria a ouvir música durante o jogo”.
Francisco Geraldes diz que recomendar
livros a quem quer que seja (mesmo a colegas de plantel) é uma tarefa difícil
pois acha que se perdeu um
bocado o hábito da leitura. Cada vez se está mais numa bolha de consumo
rápido. Por isso, não é fácil estar quieto num sítio a folhear um livro de 300
páginas. Além disso, muitas pessoas acham que, no imediato, a leitura não lhes
dá nada e por isso não estão dispostas a “perder” esse tempo até porque há
demasiados estímulos externos no mundo.
Francisco Geraldes continua a
contrariar o preconceito
de que o futebol e a literatura não podem coexistir num jogador profissional de
futebol ou em quem se interessa por desporto. Puro disparate!
Há já algum tempo criou o blogue “A Biblioteca do Geraldes”
para falar sobre livros e leituras.
E agora, e em parceria com o Plano Nacional de Leitura
e o seu atual clube, o Rio Ave, o médio ofensivo português, criou a rubrica “As Leituras do Francisco“,
para ajudar a criar “uma sociedade mais preparada“, promovendo “a leitura junto
dos mais novos, mostrando que o livro é o alimento da alma, do conhecimento, da
partilha, da experiência e da sabedoria”.
E diz ainda:
“Com esta iniciativa pretendo criar
consciência. Creio que terá sido essa a mais valia que a literatura me deu: um despertar. Através da
criação das minhas próprias imagens, emergi e tomei consciência de muitos
estados de espírito e visões que sempre me foram alheias. Saí diferente daquele
que era quando entrei. Quando se termina um livro de Saramago, de Valter Hugo
Mãe, de Fernando Pessoa, de Orwell, Kafka ou Thoreau, nunca se é a mesma pessoa
depois de se abrir um livro e de o começar a ler. É isto que quero levar o
leitor a experienciar.”
Podemos visualizar o primeiro vídeo
desta iniciativa, do passado dia 18 de fevereiro, gravado na Casa-Museu de
José Régio em Vila do Conde, no qual Geraldes sugere “O Principezinho“, de
Antoine de Saint-Exupéry, onde lê um excerto e faz um paralelismo com a
filósofa política Hannah Arendt, “Alice no País das Maravilhas“, de Lewis
Carroll, “A Noite“, de Elie Wiesel e “Mil Sóis Resplandecentes“, de Khaled
Hosseini.
Recentemente, Geraldes também
escreveu duas crónicas para a Comunidade Cultura e Arte: “Modernidade
líquida” e “Não matem a cotovia”
É caso para dizer: “Gooooooolooooo!!”