Realiza-se hoje na Assembleia da República, instalada no Palácio de S. Bento, em Lisboa...
Palácio de São Bento |
... a tomada de posse do Presidente da República Portuguesa, com morada no Palácio de Belém...
Palácio de Belém |
... para um
novo mandato de cinco anos.
"A República" de Anjos Teixeira |
Desde 1910, quando a Monarquia foi
derrubada e a República foi implantada, só ocuparam esse lugar vinte homens
diferentes pois alguns deles foram reeleitos. Por exemplo, na Terceira
República, que é aquela que estamos a viver desde a Revolução do 25 de abril de
1974, os cinco presidentes eleitos por sufrágio direto e universal (por meio do
voto dos cidadãos) foram todos reeleitos, cumprindo cada um deles um mandato
total de dez anos.
Assim, quando daqui a cinco anos o
presidente Marcelo Rebelo de Sousa terminar o mandato que hoje começa, teremos
cinquenta anos de Presidência da República democrática. Nunca tal aconteceu na
nossa história republicana!
Pois na cerimónia de hoje, e de acordo
com o protocolo do Estado, irá ser executado, obrigatoriamente, o Hino Nacional.
O artigo 11.º da Constituição Portuguesa, que
define os símbolos nacionais e a língua oficial do país, estabelece que o Hino
Nacional é “A Portuguesa”.
Então, que música é esta?
Vamos descobrir…
“A Portuguesa” é uma peça musical de
Alfredo Keil, com letra de Henrique Lopes de Mendonça, e foi executada, pela
primeira vez, no Teatro de S. Carlos, em Lisboa, a 29 de março de 1890, em
versão grandiosa e operática para soprano, orquestra e fanfarra, na tonalidade
de Sol Maior.
Alfredo Keil (1850-1907) |
Henrique Lopes de Mendonça (1856-1931) |
Foi composta como forma de protesto
contra a atitude dos ingleses e do Governo português relativamente ao Ultimatum
britânico de 1890, provocado pelo chamado Mapa Cor-de-Rosa, e logo foi adotada
pelos republicanos como hino oficial.
Por exemplo, no dia 31 de janeiro de 1891, no Porto, no golpe de Estado frustrado para implantar um governo republicano, “A Portuguesa” aparece já como a opção republicana para o hino nacional.
Depois da instauração da República, a
5 de outubro de 1910, a Assembleia Nacional Constituinte consagrou, no dia 19
de junho de 1911, “A Portuguesa” como hino oficial do regime e símbolo
nacional.
Porém, chegados a 1956, circulavam já
várias versões do hino, não só na linha melódica, mas também nas
instrumentações, especialmente para banda, pelo que o Governo nomeou uma
comissão encarregada de estudar uma versão oficial de “A Portuguesa”. Essa
comissão elaborou uma proposta que seria aprovada em Conselho de Ministros a 16
de julho de 1957, mantendo-se o hino inalterado deste então até aos nossos dias.
A versão oficial só é gravada nesse
ano, com um arranjo para orquestra sinfónica criado pelo maestro Frederico de
Freitas.
Frederico de Freitas (1902-1980) |
Saliente-se que, das três partes do
poema original (composta cada uma delas por três estrofes em duas quadras e uma
sextilha), apenas a primeira foi oficializada como Hino Nacional (fazendo
esquecer as outras duas já que não constam na versão oficial):
Ø A primeira estrofe enaltece o passado
português, relembrando os Descobrimentos dos séculos XV e XVI (“Heróis do mar,
nobre povo”).
Ø A segunda estrofe relembra os
antepassados dos portugueses, cujos feitos ecoam até ao presente, para guiar o
povo português (Ó Pátria sente-se a voz/ Dos teus egrégios avós,/ Que há de
guiar-te à vitória!”). Já agora, “egrégios” significa “ilustres”, “nobres”, “notáveis”.
Ø A terceira estrofe incita ao espírito
combatente e expansionista português, tentando sempre defender Portugal em
todos os seus territórios, tanto terrestres como marítimos.
Corre por aí que a última frase (“Contra
os canhões marchar, marchar!”) da terceira estrofe é uma adaptação feita da frase
original que afirmava “Contra os bretões marchar, marchar”, mostrando o
sentimento de revolta contra os bretões, ou seja, contra os ingleses! Mas não é
verdade. Os documentos históricos provam que a frase original inclui “os
canhões” e que “os bretões” é que são a adaptação posterior feita por patriotas
descontentes com o Ultimatum.
Todos os portugueses devem respeitar
o seu Hino sabendo as palavras de cor (não as trocando, de forma grosseira, por
outras) e cantando-as:
https://www.youtube.com/watch?v=DdOEpfypWQA
Heróis do mar, nobre
povo,
Nação valente, imortal,
Levantai hoje de novo
O esplendor de
Portugal!
Entre as brumas da
memória,
Ó Pátria, sente-se a
voz
Dos teus egrégios
avós,
Que há de guiar-te à
vitória!
Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre
o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar!
Contra os canhões
marchar, marchar!