No AUTOR DO MÊS de junho vamos lembrar Maria
Velho da Costa, não só porque nasceu neste mês de junho mas sobretudo pelo
facto desta grande escritora portuguesa nos ter deixado, aos 81 anos de idade,
no passado dia 23 de maio.
Maria Velho da Costa,
de seu nome completo Maria de Fátima de Bivar Moreira de Brito Velho da Costa, nasceu em Lisboa, a 26 de junho de 1938, filha natural legitimada pelo subsequente
casamento de seus pais, Afonso Jaime de Bivar Moreira de Brito Velho da Costa e
sua segunda mulher, Julieta Vaz Monteiro da Assunção.
Licenciou-se em Filologia
Germânica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, fez o Curso de
Grupo-Análise da Sociedade Portuguesa de Neurologia e Psiquiatria, foi professora
no ensino secundário, membro da Direção e presidente, de 1973 a 1978, da
Associação Portuguesa de Escritores e diretora da revista literária Loreto 13 (1978-1988).
Foi ainda leitora do
Departamento de Português e Brasileiro do King's College - Universidade de
Londres, entre 1980 e 1987.
Incumbida pelo
Estado Português de funções de carácter cultural, foi Adjunta do Secretário de
Estado da Cultura do Governo de Maria de Lourdes Pintasilgo em 1979, Adida
Cultural em Cabo Verde de 1988 a 1990, colaborou com a Comissão Nacional para
as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses e trabalhou, ainda, no Instituto
Camões.
Teve, desde 1975,
colaboração regular em argumentos cinematográficos, nomeadamente em películas
de João César Monteiro, Margarida Gil e Alberto Seixas Santos.
Consagrada, já em
1969, com o romance “Maina Mendes”, tornou-se mais conhecida depois da polémica em
torno das “Novas Cartas Portuguesas” (1972), obra em que se manifesta uma
aberta oposição aos valores femininos tradicionais.
Esta publicação claramente
antifascista e altamente provocatória para o regime de então, levou as suas
três autoras a tribunal, tendo o 25 de Abril interrompido as sanções a que
estavam sujeitas as denominadas Três Marias: Maria Teresa
Horta, Maria Velho da Costa e Maria Isabel Barreno.
Maria Teresa Horta, Maria Velho da Costa e Maria Isabel Barreno |
Porém, muitas
outras foram as suas obras:
O Lugar Comum (1966)
Ensino Primário e
Ideologia (1972)
Desescrita (1973)
Cravo (1976)
Português; Trabalhador;
Doente Mental
(1977)
Casas Pardas (1977)
Corpo Verde (1979)
Lucialima (1983)
O Mapa Cor de Rosa (1984)
Missa in Albis (1988)
Das Áfricas — com José Afonso Furtado (1991)
Dores — contos, com Teresa Dias Coelho
(1994)
Irene ou o Contrato
Social (2000)
O Livro do Meio - com Armando Silva Carvalho (2006)
Myra (2008, Assírio & Alvim)
O Amante do Crato (2012)
Destaque
ainda para a peça de teatro “Madame” (1999), em que faz estar em
cena duas personagens femininas dos autores maiores do realismo em língua
portuguesa, o português Eça de Queirós e o brasileiro Machado de Assis, interpretado
por Eunice Muñoz e Eva Wilma, e “Irene ou o Contrato Social”.
Foi ainda
distinguida múltiplas vezes com:
Prémio Cidade
de Lisboa (1977), por “Casas Pardas”
Prémio D.
Dinis da Fundação da Casa de Mateus (1983), por “Lucialima”
Prémio P.E.N.
Clube Português de Novelística (1989, 2009), por “Missa in Albis”
Grande
Prémio de Conto Camilo Castelo Branco (1994)
Prémio da Crítica
da Associação Portuguesa de Críticos Literários (1994)
Prémio Vergílio
Ferreira (1997), pelo conjunto da sua obra
Grande
Prémio de Romance e Novela APE/DGLB (2000)
Grande
Prémio de Teatro da APE/Ministério da Cultura (2000)
Prémio
Camões (2002), cujo júri lhe elogiou «a inovação no domínio da construção
romanesca, no experimentalismo e na interrogação do poder fundador da fala»
Prémio
Correntes de Escritas, em 2008, por “Myra”
Prémio
Máxima de Literatura (2009)
Prémio
Literário Casino da Póvoa (2010)
Grande
Prémio de Literatura (2010) por “Myra”
Grande
Prémio Vida Literária APE/CGD (2013)
Portugal condecorou-a
como Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (9 de junho de 2003)...
Ordem do Infante D. Henrique |
... e Grande-Oficial
da Ordem da Liberdade (25 de abril de 2011).
Ordem da Liberdade |
Todos nós
podemos também homenagear esta escritora. Como?
Lendo e
divulgando a sua obra, sempre inconformada e denunciadora, sobretudo de defesa
e promoção da mulher.
A BE convida
todos a descobrirem, durante este mês, a sua obra.
É só
escolher…