1 de junho de 2020

Posted by Biblioteca de E.B.2,3 de Paço de Sousa in | junho 01, 2020

No AUTOR DO MÊS de junho vamos lembrar Maria Velho da Costa, não só porque nasceu neste mês de junho mas sobretudo pelo facto desta grande escritora portuguesa nos ter deixado, aos 81 anos de idade, no passado dia 23 de maio.


Maria Velho da Costa, de seu nome completo Maria de Fátima de Bivar Moreira de Brito Velho da Costa, nasceu em Lisboa, a 26 de junho de 1938, filha natural legitimada pelo subsequente casamento de seus pais, Afonso Jaime de Bivar Moreira de Brito Velho da Costa e sua segunda mulher, Julieta Vaz Monteiro da Assunção.

Licenciou-se em Filologia Germânica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, fez o Curso de Grupo-Análise da Sociedade Portuguesa de Neurologia e Psiquiatria, foi professora no ensino secundário, membro da Direção e presidente, de 1973 a 1978, da Associação Portuguesa de Escritores e diretora da revista literária Loreto 13 (1978-1988).

Foi ainda leitora do Departamento de Português e Brasileiro do King's College - Universidade de Londres, entre 1980 e 1987.


Incumbida pelo Estado Português de funções de carácter cultural, foi Adjunta do Secretário de Estado da Cultura do Governo de Maria de Lourdes Pintasilgo em 1979, Adida Cultural em Cabo Verde de 1988 a 1990, colaborou com a Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses e trabalhou, ainda, no Instituto Camões.

Teve, desde 1975, colaboração regular em argumentos cinematográficos, nomeadamente em películas de João César Monteiro, Margarida Gil e Alberto Seixas Santos.


Consagrada, já em 1969, com o romance “Maina Mendes”, tornou-se mais conhecida depois da polémica em torno das “Novas Cartas Portuguesas” (1972), obra em que se manifesta uma aberta oposição aos valores femininos tradicionais. 


Esta publicação claramente antifascista e altamente provocatória para o regime de então, levou as suas três autoras a tribunal, tendo o 25 de Abril interrompido as sanções a que estavam sujeitas as denominadas Três Marias: Maria Teresa Horta, Maria Velho da Costa e Maria Isabel Barreno.

Maria Teresa Horta, Maria Velho da Costa e Maria Isabel Barreno
Porém, muitas outras foram as suas obras:

O Lugar Comum (1966)


Ensino Primário e Ideologia (1972)
Desescrita (1973)
Cravo (1976)
Português; Trabalhador; Doente Mental (1977)
Casas Pardas (1977)
Da Rosa Fixa (1978)



Corpo Verde (1979)
Lucialima (1983)
O Mapa Cor de Rosa (1984)
Missa in Albis (1988)
Das Áfricas — com José Afonso Furtado (1991)
Dores — contos, com Teresa Dias Coelho (1994)
Irene ou o Contrato Social (2000)
O Livro do Meio - com Armando Silva Carvalho (2006)
Myra (2008, Assírio & Alvim)
O Amante do Crato (2012)

Destaque ainda para a peça de teatro “Madame” (1999), em que faz estar em cena duas personagens femininas dos autores maiores do realismo em língua portuguesa, o português Eça de Queirós e o brasileiro Machado de Assis, interpretado por Eunice Muñoz e Eva Wilma, e “Irene ou o Contrato Social”.

Foi ainda distinguida múltiplas vezes com:

Prémio Cidade de Lisboa (1977), por “Casas Pardas”


Prémio D. Dinis da Fundação da Casa de Mateus (1983), por “Lucialima”


Prémio P.E.N. Clube Português de Novelística (1989, 2009), por “Missa in Albis”


Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco (1994)
Prémio da Crítica da Associação Portuguesa de Críticos Literários (1994)
Prémio Vergílio Ferreira (1997), pelo conjunto da sua obra
Grande Prémio de Romance e Novela APE/DGLB (2000)
Grande Prémio de Teatro da APE/Ministério da Cultura (2000)
Prémio Camões (2002), cujo júri lhe elogiou «a inovação no domínio da construção romanesca, no experimentalismo e na interrogação do poder fundador da fala»
Prémio Correntes de Escritas, em 2008, por “Myra”


Prémio Máxima de Literatura (2009)
Prémio Literário Casino da Póvoa (2010)
Grande Prémio de Literatura (2010) por “Myra”
Grande Prémio Vida Literária APE/CGD (2013)

Portugal condecorou-a como Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (9 de junho de 2003)...

Ordem do Infante D. Henrique

 ... e Grande-Oficial da Ordem da Liberdade (25 de abril de 2011).
Ordem da Liberdade

Todos nós podemos também homenagear esta escritora. Como?
Lendo e divulgando a sua obra, sempre inconformada e denunciadora, sobretudo de defesa e promoção da mulher.

A BE convida todos a descobrirem, durante este mês, a sua obra.



É só escolher…