26 de junho de 2020

Posted by Biblioteca de E.B.2,3 de Paço de Sousa in | junho 26, 2020


E eis chegado o último dia de aulas. E com ele, a última publicação da rubrica “expressões idiomáticas” ou “idiotismos”. 

Ao longo das últimas sextas-feiras, a BE tem apresentado e explicado a origem de algumas das expressões usadas na língua portuguesa.

Algumas delas têm origem histórica.
É o caso da conhecida “Maria vai com as outras”:


A nossa rainha Dona Maria I (1734-1816) enlouqueceu de um dia para o outro. Declarada incapaz de governar, foi afastada do trono. 
Embora conservasse o título de rainha, a que tinha direito desde 1777, a partir de 1792 quem de facto governava era o seu filho, o futuro rei D. João VI. 
Dona Maria I passou a viver recolhida e só era vista quando saía para caminhar, acompanhada por numerosas damas de companhia. 
Assim, quando o povo via a rainha levada pelas damas nesse cortejo, costumava comentar: “Lá vai D. Maria com as outras”. 


Atualmente aplica-se a expressão a uma pessoa que não tem opinião e que se deixa convencer com a maior facilidade.


Outras expressões têm origem em deturpações e corruptelas no falar.
É o caso da célebre “cor de burro quando foge”:


A frase original era “Corra do burro quando ele foge” e que tem muito sentido porque o burro enraivecido é muito perigoso. No entanto, a tradição oral foi modificando a frase e “corra” acabou transformada em “cor”.


Outras têm ainda origem em situações do dia-a-dia.
É o caso de “tapar o sol com a peneira”:
Trata-se de um objeto circular de madeira com o fundo em rede de metal, seda ou crina, por onde passa a farinha ou outra substância moída. Por mais apertada que seja a teia e a trama, há sempre pequenos espaços, os interstícios. 
Qualquer tentativa de tapar o sol com a peneira é escusada, uma vez que o seu fundo é permeável à luz. 


A expressão significa atualmente um esforço mal sucedido para ocultar uma asneira ou negar uma evidência.

Ou então a expressão “andar à toa”. Toda a gente sabe que esta expressão, hoje, significa andar sem destino, despreocupado, a passar tempo, lembrando certos estudantes… Mas a sua origem é bem diversa. 


Toa é a corda com que uma embarcação reboca outra. Um navio que está “à toa” é porque não tem leme nem rumo, indo para onde o navio que o reboca determinar, ou seja, é guiado por vontade e força… de outro!


Mas vamos parar por aqui.
Como dizíamos no início, as férias vão começar. 
E a BE deseja a todos um fantástico tempo de descanso.

Regressaremos em setembro.
Até lá, procuremos não andar… à toa!