E eis
chegado o último dia de aulas. E com ele, a última publicação da rubrica “expressões
idiomáticas” ou “idiotismos”.
Ao longo das últimas sextas-feiras, a BE tem
apresentado e explicado a origem de algumas das expressões usadas na língua
portuguesa.
Algumas
delas têm origem histórica.
É o
caso da conhecida “Maria vai com as outras”:
A nossa rainha Dona Maria I (1734-1816)
enlouqueceu de um dia para o outro. Declarada incapaz de governar, foi afastada
do trono.
Embora conservasse o título de rainha, a que tinha direito desde
1777, a partir de 1792 quem de facto governava era o seu filho, o futuro rei D.
João VI.
Dona Maria I passou a viver recolhida e só era vista quando saía para
caminhar, acompanhada por numerosas damas de companhia.
Assim, quando o povo
via a rainha levada pelas damas nesse cortejo, costumava comentar: “Lá vai D.
Maria com as outras”.
Atualmente aplica-se a expressão a uma pessoa que não tem
opinião e que se deixa convencer com a maior facilidade.
Outras expressões têm origem em deturpações e corruptelas no falar.
É o
caso da célebre “cor de burro quando foge”:
A frase original era “Corra do burro quando ele foge” e que tem
muito sentido porque o burro enraivecido é muito perigoso. No entanto, a
tradição oral foi modificando a frase e “corra” acabou transformada em “cor”.
Outras
têm ainda origem em situações do dia-a-dia.
É o
caso de “tapar o sol com a peneira”:
Trata-se de um objeto circular de madeira
com o fundo em rede de metal, seda ou crina, por onde passa a farinha ou outra
substância moída. Por mais apertada que seja a teia e a trama, há sempre pequenos
espaços, os interstícios.
Qualquer tentativa de tapar o sol com a peneira é
escusada, uma vez que o seu fundo é permeável à luz.
A expressão significa
atualmente um esforço mal sucedido para ocultar uma asneira ou negar uma
evidência.
Ou
então a expressão “andar à toa”. Toda
a gente sabe que esta expressão, hoje, significa andar sem destino,
despreocupado, a passar tempo, lembrando certos estudantes… Mas a sua origem é
bem diversa.
Toa é a corda com que uma embarcação reboca outra. Um navio que
está “à toa” é porque não tem leme nem rumo, indo para onde o navio que o
reboca determinar, ou seja, é guiado por vontade e força… de outro!
Mas vamos parar por aqui.
Como dizíamos no início, as férias vão começar.
E a BE
deseja a todos um fantástico tempo de descanso.
Regressaremos em setembro.
Até lá, procuremos não andar… à toa!