9 de junho de 2020

Posted by Biblioteca de E.B.2,3 de Paço de Sousa in | junho 09, 2020

Neste dia tão importante para todos os portugueses, a professora Margarida Paula Moreira, do grupo disciplinar de História da nossa EB 2/3, quis partilhar...

"Uma espécie de Comemoração...
Tivesse eu engenho e arte para homenagear o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Assim, terei de usar as palavras dos que foram capazes de o fazer.
Quando penso em Portugal, Pátria que muito amo, recordo o poema de Fernando Pessoa:

Fernando Pessoa (1888-1935)
“Ó mar salgado,
quanto do teu sal
são lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos,
quantas mães choraram,
quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena?
Tudo vale a pena se a alma não é pequena. (...)”.

Luís Vaz de Camões (1524-1580)
Se penso em Camões vem ao meu pensamento o poema de Florbela Espanca:


Florbela Espanca (1894-1930)
“Ser poeta é ser mais alto,
é ser maior do que os homens! (...)
É ter de mil desejos o esplendor,
é não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja.
É ter garras e asas de condor. (…)”.

Em relação às Comunidades Portuguesas ocorre-me a letra da canção “Um Português (mala de cartão)” da Linda de Suza:


Linda de Suza (1948)
“Duas malas de cartão numa terra de França
Um Português deixou assim seu Portugal
Como tantos outros, ele não perdeu a esperança
O Português que deixou seu Portugal!
(...)
Ele canta fados tristes e tradicionais
O Português que deixou seu Portugal
E como aqui a chuva para ele é demais
Ele vai pensando ao sol do seu país natal!
(...)”.

Mas comemorar é aprender


Dia 10 de junho é Dia de Portugal. É dia de recordar os grandes feitos dos nossos antepassados, nomeadamente a grande Aventura da Expansão Marítima.

D. Afonso Henriques (1109?-1185)
É dia de falar da ambição de D. Afonso Henriques e de mostrar orgulho na nossa Língua.
Também é dia das Comunidades Portuguesas espalhadas pelo Mundo.
É dia de lembrarmos o Império e os Tempos atuais. “A História não se repete mas rima...”


Luís Vaz de Camões (1524-1580)
Mas convém lembrar que hoje se passam 440 anos da morte de um dos maiores poetas nacionais: Luís Vaz de Camões, um nome incontornável da cultura portuguesa. Hoje também é o seu dia.

A Vida de Luís de Camões
A sua vida está envolta em múltiplos mistérios e, segundo os estudiosos de Camões, são mais as incertezas do que as verdades irrefutáveis.
Diz-se que terá nascido em Chaves em 1524. Diz-se que a sua imensa cultura foi adquirida em Coimbra, no entanto, não há certezas.


Luís de Camões e o Amor
Muitos foram os poemas que dedicou às mulheres com quem se cruzou. A sua obra lírica assim o demonstra. Algumas das mulheres por quem Camões se perdeu de amores:

- D. Maria, irmã do rei D. João III. Diz-se que viveram um amor platónico devido às diferenças sociais que os separavam;

- Violante, esposa de D. Francisco de Noronha, um fidalgo para quem Camões terá trabalhado;

- Dona Joana, filha mais velha do casal, poderá ter sido mais um dos amores do poeta;

- Catarina de Ataíde, uma das damas da rainha terá caído nos braços do poeta e este escreveu-lhe versos.

Camões lendo "Os Lusíadas" ao rei D. Sebastião
Viveu e morreu na miséria
Há quem diga que a carteira vazia do poeta estava vazia devido à sua desorganização, má gestão e à vida leviana que levava. A pensão que recebia era razoável para a época e poderia servir para viver uma vida confortável. Isto se o pagamento acontecesse a horas.

Mas D. Sebastião não cumpria com as datas de pagamento pelo que o dinheiro do poeta esgotava. Em 1578 a situação piorou com a morte do rei, a crise de sucessão e a subida ao trono de Filipe II de Espanha.


A morte de Camões
Por volta de 1579 a sua saúde deteriorou-se gravemente: se a peste lhe atacava o corpo, a perda da independência portuguesa corroía-lhe a alma e a sua desilusão era tão grande que terá dito:

“Enfim acabarei a vida e verão todos que fui tão afeiçoado à minha Pátria que não só me contentei de morrer nela, mas com ela.”

Camões por Fernão Gomes, cópia de Luís de Resende, supostamente o seu retrato mais fiel.
Diz-se que terá morrido na miséria e sem a consideração que merecia.
D. Gonçalo Coutinho, um fidalgo que mantinha amizade com o poeta, mandou construir uma lápide de mármore na Igreja de Santa Ana. O amigo do poeta mandou gravar as palavras “Aqui jaz Luís de Camões. Príncipe dos poetas do seu tempo.

Viveu pobre e miseravelmente e assim morreu, no ano de 1579”.
Porém, a data verdadeira da sua morte terá sido descoberta quando os historiadores tiveram acesso ao documento que Filipe I de Portugal entregou à mãe de Camões, onde a morte do poeta é datada em 1580.
Camões em Goa, 1581
Durante 175 anos o corpo de Camões ficou sepultado na Igreja de Santa Ana até que o terramoto de 1755 destruiu o túmulo. Em 1854, Rodrigo da Fonseca, ministro do Reino, nomeou uma comissão que tinha como missão encontrar a sepultura do Poeta.

Assim, no século XIX, Camões foi trasladado para o Mosteiro dos Jerónimos, para a Ala Sul do Mosteiro, enquanto a Ala Norte é reservada a Vasco da Gama – um herói em “Os Lusíadas”.



O Panteão Nacional também detém uma arca tumular sem corpo como homenagem ao Poeta.