30 de abril de 2020

Posted by Biblioteca de E.B.2,3 de Paço de Sousa in | abril 30, 2020

“O trabalho não é virtude, nem honra; antes veria nele necessidade e condenação; é, como se sabe, consequência do pecado original.”
“A fadiga que esmaga um corpo depois de oito ou dez horas em frente de um volante ou de um dia inteiro na faina do campo é um crime contra o Deus que nos criou à sua imagem, um sacrilégio contra a partícula de fogo eterno que palpita por favor dos deuses em cada um de nós (…) A reconquista do Éden comportaria para o homem a libertação do trabalho, lavá-lo-ia dessa mancha de animal doméstico sob o jugo, havia de o restituir ao que é o seu essencial carácter: o ser pensante”.



Estas considerações são de um grande pensador e filósofo nascido no Porto, Agostinho da Silva (1906-1994), e encontram-se na sua obra “Ir à Índia Sem Abandonar Portugal; Considerações; Outros Textos”.

À primeira vista parece uma contradição festejar esta data com estes pensamentos. Mas não é. O 1.º de maio é o Dia do Trabalhador. O que importa realçar nesta data não é o trabalho mas sim aquele ou aquela que trabalha. Por isso, isso sim, o trabalho que escraviza, que reduz a pessoa a uma coisa, e sobretudo a uma coisa descartável, não é digno de um ser pensante.


Há muito tempo atrás, no século IV antes de Cristo, o filósofo Platão (427 a.C.-347 a.C.) terá dito que o homem mais não é do que um “bípede sem penas”, ou seja, um galo depenado! Ora, uma pessoa é muito mais do que isto! É um ser pensante que, pelo seu trabalho e pelo seu esforço, transforma a sua vida e a dos outros. Por isso é que o trabalho é um direito. E todo aquele que trabalha tem de ser valorizado!

Esta comemoração remonta ao dia 1 de maio de 1886, quando uma greve foi iniciada na cidade norte-americana de Chicago, com o objetivo de conquistar melhores condições de trabalho, principalmente a redução da jornada de trabalho diária, que chegava a ser de dezassete horas, para oito horas. Aliás, ficou mesmo conhecida como a greve dos três oitos: oito horas para trabalhar, oito horas para descansar e oito horas para estudar. Esta greve foi combatida pela Polícia e dos confrontos resultaram várias detenções e mortes. 
A 3 de maio, no rescaldo dos acontecimentos, a Polícia disparou sobre os trabalhadores de Chicago provocando um morto e vários feridos. Em resposta, no dia seguinte, quando a Polícia voltou a aparecer para dispersar a concentração na Praça Haymarket, uma bomba lançada por mão desconhecida mata alguns agentes e desencadeia uma verdadeira batalha que culmina com prisões em massa e com o julgamento e condenação à morte de oito dirigentes sindicais, acabando por morrer apenas cinco (um suicida-se na véspera da execução e quatro serão enforcados a 11 de novembro de 1887).
Por isso, a data do início da greve foi utilizada como dia de luta do trabalhador, data sugerida pelo Congresso da Internacional Socialista reunida em Paris em julho de 1889. A partir daí, a sua comemoração foi-se alastrando pelo mundo. Em Portugal foi celebrado pela primeira vez, logo em 1890 e no Monte Aventino, no Porto, com a participação de cerca de 20 mil trabalhadores o que, para a época, era uma verdadeira multidão.

Atualmente, o 1.º de maio é o feriado mais observado em todo o mundo. No entanto, há países que celebram o Dia do Trabalhador noutra data ou que não o celebram de todo.
Veja-se o mapa anexo:

  Dia do Trabalhador no 1.º de maio.
    Outro feriado no dia 1.º de maio. 
  Sem feriado a 1 de maio, mas comemoração do Dia do Trabalhador noutra data.
    Sem feriado no dia 1.º de maio e sem Dia do Trabalhador.

BOM FERIADO!!!