Também escrito Eça de
Queirós, José Maria foi escritor, jornalista e diplomata. Nasceu,
provavelmente, numa casa da Praça do Almada na Póvoa de Varzim, no então número
1 ao 3 do Largo de São Sebastião (hoje Largo Eça de Queiroz), no centro da
cidade, em casa de um parente de sua mãe.
Dado os
seus pais não serem então casados (considerado indecente naquela época e
naquela classe social), este parente, de certo relevo local, chefe da alfândega
local, preferiu que o batismo fosse realizado na Igreja Matriz de Vila do
Conde, em vez da matriz local, muito próxima da casa, e fosse ocultado o nome
da mãe (Carolina Augusta Pereira d'Eça, nascida em
Monção em 1827), por instrução do pai (José Maria Teixeira de Queiroz,
nascido no Rio de Janeiro em 1820, escritor e poeta formado em Direito por
Coimbra, presidente do Tribunal do Comércio, deputado por Aveiro, fidalgo
cavaleiro da Casa Real, par do Reino e do Conselho de Sua Majestade e delegado
do procurador régio em Viana do Castelo).
O casamento
ocorreu posteriormente ao nascimento. Uma das teses para tentar justificar o
facto de os pais do escritor não se terem casado antes do seu nascimento
sustenta que Carolina não teria obtido o necessário consentimento da parte de
sua mãe, já viúva do coronel José Pereira de Eça. De facto, seis dias após a
morte da avó que a isso se oporia, casaram-se os pais de Eça de Queiroz, quando
o menino tinha quase quatro anos.
Por via
dessas contingências, foi entregue a uma ama, aos cuidados de quem ficou até
passar para a casa de Verdemilho em Aradas, Aveiro, a casa da sua avó paterna.
Nessa altura, foi internado no Colégio da Lapa, no Porto, de onde saiu em 1861,
com dezasseis anos, para a Universidade de Coimbra, onde estudou Direito. Além
do escritor, os pais teriam mais seis filhos.
Em 1866,
Eça de Queiroz terminou a Licenciatura em Direito na Universidade de Coimbra e
passou a viver em Lisboa, exercendo a advocacia e o jornalismo.
Em 1869 e
1870, Eça de Queiroz fez uma viagem de seis semanas ao Oriente (de 23 de
outubro de 1869 a 3 de janeiro de 1870), em companhia de D. Luís de Castro, 5.º
conde de Resende, irmão da sua futura mulher, Emília de Castro,
tendo assistido no Egito à inauguração do canal do Suez.
Visitaram,
igualmente, a Palestina. Aproveitou as notas de viagem para alguns dos seus
trabalhos, o mais notável dos quais O Mistério da Estrada de Sintra, em 1870, e
A Relíquia, publicado em 1887. Em 1871, foi um dos participantes das chamadas
Conferências do Casino.
Em 1870
ingressou na Administração Pública, sendo nomeado administrador do concelho de
Leiria. Foi enquanto permaneceu nesta cidade, que Eça de Queiroz escreveu a sua
primeira novela realista, O Crime do Padre Amaro, publicada em 1875.
Tendo
ingressado na carreira diplomática, em 1873 foi nomeado cônsul de Portugal em
Havana. Os anos mais produtivos de sua carreira literária foram passados em
Inglaterra, entre 1874 e 1878, durante os quais exerceu o cargo em Newcastle e
Bristol. Escreveu então alguns dos seus trabalhos mais importantes, como A
Capital, escrito numa prosa hábil, plena de realismo. Manteve a sua atividade
jornalística, publicando esporadicamente no Diário de Notícias, em Lisboa, a
rubrica «Cartas de Inglaterra». Mais tarde, em 1888 seria nomeado cônsul em
Paris.
Foi também
o autor da Correspondência de Fradique Mendes e A Capital, obra cuja elaboração
foi concluída pelo filho e publicada, postumamente, em 1925. Fradique Mendes,
aventureiro fictício imaginado por Eça e Ramalho Ortigão, aparece também no
Mistério da Estrada de Sintra. Seus trabalhos foram traduzidos em
aproximadamente vinte línguas.
Aos 40 anos
casou com Emília de Castro, com quem teve 4 filhos: Alberto (16 de abril de 1894), António (28 de dezembro de 1889), José Maria (26 de fevereiro de 1888) e Maria (16 de janeiro de 1887).
A partir de
fevereiro de 1900 começou a ficar doente e débil. Andou por diversas termas,
mas de pouco ou nada serviu. No final de julho esteve na Suíça. Regressou a
Paris a 13 de agosto, num estado lastimável, magríssimo e com má cor. Acamado,
semi-inconsciente, a 16 de agosto de 1900, depois de ter recebido a
extrema-unção, às 16h35, o escritor morria na sua casa de Neuilly-sur-Seine,
perto de Paris.
Depois de
ter morrido em Paris, Eça de Queiroz foi trasladado para Lisboa a 17 de
setembro de 1900, no navio militar África, ficando os restos mortais sepultados
no jazigo dos condes de Resende no cemitério do Alto de São João.
Em virtude
do jazigo se encontrar abandonado e prestes a ser vendido, por decisão da
família, encabeçada por Maria da Graça Salema de Castro (1919–2015), viúva de
um neto de Eça, e fundadora da FEQ, a 13 de setembro de 1989 procedeu-se à
trasladação dos restos do escritor para o jazigo da Fundação Eça de Queiroz no
cemitério de Santa Cruz do Douro, em Baião.
Em dezembro
de 2020, com o apoio da maioria dos bisnetos, a Fundação Eça de Queiroz, então
presidida por Afonso Eça de Queiroz Cabral, lançou o repto para a concessão de
honras de Panteão Nacional.
Em janeiro
de 2021, a Assembleia da República aprovou por unanimidade uma proposta do PS
para «conceder honras de Panteão Nacional aos restos mortais de José Maria Eça
de Queiroz, em reconhecimento e homenagem pela obra literária ímpar e
determinante na história da literatura portuguesa.».
Assim, e
após várias peripécias, os restos mortais do escritor foram transladados para o
Panteão Nacional no dia 8 de janeiro de 2025.
O Mistério da Estrada
de Sintra (1870)
O Crime do Padre Amaro
(1875)
A Tragédia da Rua das
Flores (1877–78)
O Primo Basílio (1878)
O Mandarim (1880)
A Relíquia (1887)
Os Maias (1888)
Uma Campanha Alegre
(1890–91)
Correspondência de
Fradique Mendes (1900)
Dicionário de milagres
(1900)
A Ilustre Casa de
Ramires (1900)
A Cidade e as Serras
(1901, póstumo)
Contos (1902, póstumo)
Prosas Bárbaras (1903,
póstumo)
Cartas de Inglaterra
(1905, póstumo)
Ecos de Paris (1905,
póstumo)
Cartas familiares e
bilhetes de Paris (1907, póstumo)
Notas contemporâneas
(1909, póstumo)
Últimas páginas (1912,
póstumo)
A Capital (1925,
póstumo)
O Conde de Abranhos
(1925, póstumo)
Alves & Companhia
(1925, póstumo)
Correspondência (1925,
póstumo)
O Egito (1926,
póstumo)
Cartas inéditas de
Fradique Mendes (1929, póstumo)
Eça de Queirós entre
os seus - Cartas íntimas (1949, póstumo).