15 de janeiro de 2025

Posted by Biblioteca de E.B.2,3 de Paço de Sousa janeiro 15, 2025

Também escrito Eça de Queirós, José Maria foi escritor, jornalista e diplomata. Nasceu, provavelmente, numa casa da Praça do Almada na Póvoa de Varzim, no então número 1 ao 3 do Largo de São Sebastião (hoje Largo Eça de Queiroz), no centro da cidade, em casa de um parente de sua mãe.

Dado os seus pais não serem então casados (considerado indecente naquela época e naquela classe social), este parente, de certo relevo local, chefe da alfândega local, preferiu que o batismo fosse realizado na Igreja Matriz de Vila do Conde, em vez da matriz local, muito próxima da casa, e fosse ocultado o nome da mãe (Carolina Augusta Pereira d'Eça, nascida em Monção em 1827), por instrução do pai (José Maria Teixeira de Queiroz, nascido no Rio de Janeiro em 1820, escritor e poeta formado em Direito por Coimbra, presidente do Tribunal do Comércio, deputado por Aveiro, fidalgo cavaleiro da Casa Real, par do Reino e do Conselho de Sua Majestade e delegado do procurador régio em Viana do Castelo).

O casamento ocorreu posteriormente ao nascimento. Uma das teses para tentar justificar o facto de os pais do escritor não se terem casado antes do seu nascimento sustenta que Carolina não teria obtido o necessário consentimento da parte de sua mãe, já viúva do coronel José Pereira de Eça. De facto, seis dias após a morte da avó que a isso se oporia, casaram-se os pais de Eça de Queiroz, quando o menino tinha quase quatro anos.

Por via dessas contingências, foi entregue a uma ama, aos cuidados de quem ficou até passar para a casa de Verdemilho em Aradas, Aveiro, a casa da sua avó paterna. Nessa altura, foi internado no Colégio da Lapa, no Porto, de onde saiu em 1861, com dezasseis anos, para a Universidade de Coimbra, onde estudou Direito. Além do escritor, os pais teriam mais seis filhos.

Em 1866, Eça de Queiroz terminou a Licenciatura em Direito na Universidade de Coimbra e passou a viver em Lisboa, exercendo a advocacia e o jornalismo.

Em 1869 e 1870, Eça de Queiroz fez uma viagem de seis semanas ao Oriente (de 23 de outubro de 1869 a 3 de janeiro de 1870), em companhia de D. Luís de Castro, 5.º conde de Resende, irmão da sua futura mulher, Emília de Castro, tendo assistido no Egito à inauguração do canal do Suez.

Visitaram, igualmente, a Palestina. Aproveitou as notas de viagem para alguns dos seus trabalhos, o mais notável dos quais O Mistério da Estrada de Sintra, em 1870, e A Relíquia, publicado em 1887. Em 1871, foi um dos participantes das chamadas Conferências do Casino.

Em 1870 ingressou na Administração Pública, sendo nomeado administrador do concelho de Leiria. Foi enquanto permaneceu nesta cidade, que Eça de Queiroz escreveu a sua primeira novela realista, O Crime do Padre Amaro, publicada em 1875.



Tendo ingressado na carreira diplomática, em 1873 foi nomeado cônsul de Portugal em Havana. Os anos mais produtivos de sua carreira literária foram passados em Inglaterra, entre 1874 e 1878, durante os quais exerceu o cargo em Newcastle e Bristol. Escreveu então alguns dos seus trabalhos mais importantes, como A Capital, escrito numa prosa hábil, plena de realismo. Manteve a sua atividade jornalística, publicando esporadicamente no Diário de Notícias, em Lisboa, a rubrica «Cartas de Inglaterra». Mais tarde, em 1888 seria nomeado cônsul em Paris.

Foi também o autor da Correspondência de Fradique Mendes e A Capital, obra cuja elaboração foi concluída pelo filho e publicada, postumamente, em 1925. Fradique Mendes, aventureiro fictício imaginado por Eça e Ramalho Ortigão, aparece também no Mistério da Estrada de Sintra. Seus trabalhos foram traduzidos em aproximadamente vinte línguas.



Aos 40 anos casou com Emília de Castro, com quem teve 4 filhos: Alberto (16 de abril de 1894), António (28 de dezembro de 1889), José Maria (26 de fevereiro de 1888) e Maria (16 de janeiro de 1887).



A partir de fevereiro de 1900 começou a ficar doente e débil. Andou por diversas termas, mas de pouco ou nada serviu. No final de julho esteve na Suíça. Regressou a Paris a 13 de agosto, num estado lastimável, magríssimo e com má cor. Acamado, semi-inconsciente, a 16 de agosto de 1900, depois de ter recebido a extrema-unção, às 16h35, o escritor morria na sua casa de Neuilly-sur-Seine, perto de Paris.

Depois de ter morrido em Paris, Eça de Queiroz foi trasladado para Lisboa a 17 de setembro de 1900, no navio militar África, ficando os restos mortais sepultados no jazigo dos condes de Resende no cemitério do Alto de São João.

Em virtude do jazigo se encontrar abandonado e prestes a ser vendido, por decisão da família, encabeçada por Maria da Graça Salema de Castro (1919–2015), viúva de um neto de Eça, e fundadora da FEQ, a 13 de setembro de 1989 procedeu-se à trasladação dos restos do escritor para o jazigo da Fundação Eça de Queiroz no cemitério de Santa Cruz do Douro, em Baião.



Em dezembro de 2020, com o apoio da maioria dos bisnetos, a Fundação Eça de Queiroz, então presidida por Afonso Eça de Queiroz Cabral, lançou o repto para a concessão de honras de Panteão Nacional.

Em janeiro de 2021, a Assembleia da República aprovou por unanimidade uma proposta do PS para «conceder honras de Panteão Nacional aos restos mortais de José Maria Eça de Queiroz, em reconhecimento e homenagem pela obra literária ímpar e determinante na história da literatura portuguesa.».

Assim, e após várias peripécias, os restos mortais do escritor foram transladados para o Panteão Nacional no dia 8 de janeiro de 2025.


O Mistério da Estrada de Sintra (1870)

O Crime do Padre Amaro (1875)

A Tragédia da Rua das Flores (1877–78)

O Primo Basílio (1878)

O Mandarim (1880)

A Relíquia (1887)

Os Maias (1888)

Uma Campanha Alegre (1890–91)

Correspondência de Fradique Mendes (1900)

Dicionário de milagres (1900)

A Ilustre Casa de Ramires (1900)

A Cidade e as Serras (1901, póstumo)

Contos (1902, póstumo)

Prosas Bárbaras (1903, póstumo)

Cartas de Inglaterra (1905, póstumo)

Ecos de Paris (1905, póstumo)

Cartas familiares e bilhetes de Paris (1907, póstumo)

Notas contemporâneas (1909, póstumo)

Últimas páginas (1912, póstumo)

A Capital (1925, póstumo)

O Conde de Abranhos (1925, póstumo)

Alves & Companhia (1925, póstumo)

Correspondência (1925, póstumo)

O Egito (1926, póstumo)

Cartas inéditas de Fradique Mendes (1929, póstumo)

Eça de Queirós entre os seus - Cartas íntimas (1949, póstumo).