22 de novembro de 2022

Posted by Biblioteca de E.B.2,3 de Paço de Sousa in | novembro 22, 2022

 

Há 100 anos, a 16 de novembro de 1922 (embora no registo oficial apareça o dia 18) nasce, em Azinhaga, Golegã, numa família de pais e avós agricultores, José de Sousa Saramago, único Prémio Nobel da Literatura português.

Azinhaga do Ribatejo

Estamos pois, no centenário do seu nascimento!

A sua vida é, em grande parte, passada em Lisboa, para onde a família se muda em 1924. Desde cedo demonstra interesse pelos estudos e pela cultura. Porém, dificuldades económicas impedem-no de fazer o currículo liceal que o levaria a frequentar a universidade. Assim sendo, estuda numa escola técnica e consegue o seu primeiro emprego como serralheiro mecânico.

Fascinado pelos livros, visita, à noite, com grande frequência, a Biblioteca Municipal Central/Palácio Galveias.

Aos 25 anos publica o primeiro romance, “Terra do Pecado” (1947), no mesmo ano do nascimento da sua filha, Violante dos Reis Saramago...

Violante dos Reis Saramago

... fruto do seu primeiro casamento, em 1944, com Ilda Reis, artista plástica com quem viverá até 1970. 

Ilda Reis

Nessa época, Saramago era funcionário público. Posteriormente viverá, entre 1970 e 1986, com a escritora Isabel da Nóbrega.

Isabel da Nóbrega

Em 1988, casar-se-á com a jornalista e tradutora espanhola María del Pilar del Río Sánchez, que conheceu em 1986 e ao lado da qual viverá até à morte.

José Saramago e Pilar del Rio

Depois deste primeiro romance, Saramago, membro do Partido Comunista Português, conhecido mais tarde pelo seu ateísmo e iberismo, apresenta ao seu editor o livro “Claraboia” que, sendo rejeitado, permanece inédito até 2011. Persiste, contudo, nos esforços literários e, dezanove anos depois, já funcionário da Editorial Estudos Cor, troca a prosa pela poesia, lançando “Os Poemas Possíveis”(1966), “Provavelmente Alegria” (1970) e “O Ano de 1993” (1975). Nessa altura abandona a Editorial Estudos Cor para trabalhar no Diário de Notícias (DN) e, depois, no Diário de Lisboa. Da experiência vivida nos jornais restam as crónicas “Deste mundo e do outro” (1971), “A Bagagem do Viajante” (1973), “As opiniões que o DL teve” (1974) e “Os Apontamentos” (1976).

Ilda Reis, Violante e José Saramago

Em 1975 retorna, por dez meses, ao DN como Diretor-Adjunto, demitindo então vários funcionários até 25 de novembro do mesmo ano, quando os militares portugueses intervêm na publicação (reagindo ao que consideravam ser os excessos da Revolução dos Cravos). Quando ele próprio é demitido, resolve dedicar-se apenas à literatura, substituindo definitivamente o jornalista pelo ficcionista.

Juntamente com Luiz Francisco Rebello, Armindo Magalhães, Manuel da Fonseca e Urbano Tavares Rodrigues será, em 1992, um dos fundadores da Frente Nacional para a Defesa da Cultura (FNDC).

José Saramago é conhecido por utilizar um estilo coloquial, próprio dos contos de tradição oral populares, em que a vivacidade da comunicação é mais importante do que a correção ortográfica de uma linguagem escrita. Todas as características de uma linguagem oral, predominantemente usada na oratória, na dialética e na retórica servem o seu estilo interventivo e persuasivo. Assim, utiliza frases e períodos compridos, usando a pontuação de uma maneira não convencional e os diálogos das personagens são inseridos nos próprios parágrafos que os antecedem, de forma que não existem travessões nos seus livros. Este tipo de marcação das falas propicia uma forte sensação de fluxo de consciência, a ponto do leitor chegar a confundir-se se um certo diálogo é real ou apenas um pensamento. Muitas das suas frases ocupam mais de uma página, usando vírgulas onde a maioria dos escritores usaria pontos finais da mesma forma que muitos dos seus parágrafos ocupariam capítulos inteiros em outros autores.

Estátua de Saramago em Azinhaga

A 29 de junho de 2007 constitui a Fundação José Saramago para a defesa e difusão da Declaração Universal dos Direitos Humanos e dos problemas do meio ambiente.

Falecido a 18 de junho de 2010, aos 87 anos de idade, vítima de leucemia crónica, em Tías, na ilha espanhola de Lanzarote, arquipélago das Canárias, foi cremado no Cemitério do Alto de São João, em Lisboa, sendo as suas cinzas enterradas, no primeiro aniversário da sua morte, junto a uma oliveira, num canteiro à frente da Casa dos Bicos, em Lisboa, sede da Fundação com o seu nome, aberta ao público em 2012, presidida pela sua viúva, Pilar del Río.

Fundação José Saramago, Lisboa

Ganhou, entre outros, o Prémio Camões em 1995 e o Prémio Nobel de Literatura em 1998

José Saramago a receber o Prémio Nobel da Literatura

A 24 de agosto de 1985 foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada e a 3 de dezembro de 1998 foi elevado a Grande-Colar da mesma Ordem, uma honra geralmente reservada apenas a Chefes de Estado.

 

OBRA LITERÁRIA

A BE tem para leitura, à disposição de qualquer interessado, as obras seguintes assinaladas a verde:

ROMANCES 

Terra do Pecado (1947)

Manual de Pintura e Caligrafia (1977)

Levantado do Chão (1980)

Memorial do Convento (1982)

O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984)

A Jangada de Pedra (1986)

História do Cerco de Lisboa (1989)

O Evangelho Segundo Jesus Cristo (1991)

Ensaio Sobre a Cegueira (1995)

Todos os Nomes (1997)

A Caverna (2000)

O Homem Duplicado (2002)

Ensaio Sobre a Lucidez (2004)

As Intermitências da Morte (2005)

A Viagem do Elefante (2008)

Caim (2009)

Claraboia (2011)

Alabardas, Alabardas, Espingardas, Espingardas (2014)

        CRÓNICAS 

Deste Mundo e do Outro (1971)

A Bagagem do Viajante (1973)

As Opiniões que o DL Teve (1974)

Os Apontamentos (1977)

           TEATRO 

A Noite (1979)

Que Farei com Este Livro (1980)

A Segunda Vida de Francisco de Assis (1987)

In Nomine Dei (1993)

Don Giovanni ou O Dissoluto Absolvido (2005)

                   CONTOS 

Objecto Quase (1978)

Poética dos Cinco Sentidos - O Ouvido (1979)

O Conto da Ilha Desconhecida (1997)

           POESIA

Os Poemas Possíveis (1966)

Provavelmente Alegria (1970)

O Ano de 1993 (1975)

                                     DIÁRIO E MEMÓRIAS 

Viagem a Portugal (1983)

Cadernos de Lanzarote (I-V) (1994)

As Pequenas Memórias (2006)

Último Caderno de Lanzarote (2018)

                       INFANTIL  

A Maior Flor do Mundo (2001)

O Silêncio da Água (2011)