Como já é costume da nossa BE, o “Autor do Mês” de
outubro é o homenageado no ESCRITARIA, o festival de Penafiel
que se assume como “… um festival literário feito por pessoas, de pessoas e
para pessoas, feito para gente ávida de histórias, mas também para conquistar
novos leitores”.
Este ano, o festival decorre entre os dias 16 e 23 de outubro
e terá, como autor em evidência, uma mulher: Ana Luísa Amaral.
Vamos descobri-la!
Ana Luísa Ribeiro Barata do Amaral nasceu em Lisboa, na
Maternidade Alfredo da Costa, a 5 de abril de 1956, passando a
viver, a partir dos nove anos de idade, em Leça da Palmeira, e morreu a 5
de agosto de 2022, aos 66 anos de idade, vítima de cancro.
A sua infância foi marcada pela leitura de obras de autores
anglo-saxónicos, como Walter Scott (1771-1832), Washington Irving (1783-1859),
Louisa Alcott (1832-1888) e Enid Blyton (1897-1968).
Entre os dez e os dezasseis anos de idade frequentou um
colégio de freiras espanholas e, mais tarde, estudou Germânicas na Faculdade
de Letras da Universidade do Porto.
Em 1996 defende tese de doutoramento sobre a poesia de Emily
Dickinson, uma das suas poetas preferidas, com a tese “Emily Dickinson:
uma poética de excesso” e as suas áreas de investigação serão as Poéticas
Comparadas, Estudos Feministas e Estudos Queer.
Foi Professora Associada de Literatura e Cultura Inglesa e
Americana da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, onde integrou
também a direção do Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa,
tendo publicações académicas várias em Portugal e no estrangeiro.
Foi autora, com Ana Gabriela Macedo, do Dicionário de
Crítica Feminista (2005) e preparou a edição anotada de Novas Cartas
Portuguesas (livro de 1972, da autoria de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa
Horta e Maria Velho da Costa) (2010).
Organizou, com Marinela Freitas, os livros Novas Cartas
Portuguesas 40 Anos Depois (2014) e New Portuguese Letters to the
World (2015). Coordenou o projeto internacional “Novas Cartas
Portuguesas 40 anos depois”, que envolveu 13 equipas internacionais e mais de
15 países.
Os seus livros de poesia estão editados nos Estados Unidos da
América, França, Brasil, Suécia, Holanda, Venezuela, Itália, Colômbia, México,
Reino Unido e Alemanha.
Ao longo da sua vida fez leitura dos seus poemas em vários
países tais como Brasil, França, Estados Unidos da América, Alemanha, Irlanda,
Espanha, Rússia, Roménia, Polónia, Suécia, Holanda, China, México, Itália,
Colômbia e Argentina.
Em torno dos seus livros de poesia e infantis foram levados à
cena espetáculos de teatro e leituras encenadas como foram os casos de “O
olhar diagonal das coisas”, “A história da Aranha Leopoldina”,
“Próspero morreu” ou “Amor aos Pedaços”.
Tinha um programa de rádio, com Luís Caetano, na Antena 2,
chamado “O som que os versos fazem ao abrir”.
Para esta escritora e poeta, a poesia era uma imensa paixão,
um trabalho de prazer, angústia e necessidade. Ana Luísa Amaral era uma
pessoa de trato simples. No nosso Agrupamento, a professora Cristina Silva
conheceu-a há muitos anos. E conta-nos o seguinte episódio:
“- Há uns anos, a Ana Luísa Amaral, que era amiga do meu
marido, convidou-nos para almoçar em casa dela. Eu não a conhecia pessoalmente
e por isso foi com surpresa que, ao sairmos de casa, vi no banco de trás do
carro um saco com utensílios de jardinagem. “- É que a Ana Luísa pediu para a
ajudarmos a arranjar uns vasos da varanda”, explicou o meu marido. Foi, pois,
entre floreiras, sacos de terra e plantas variadas que eu conheci a Ana Luísa
Amaral.
Morava num apartamento em Leça. Depois da jardinagem, fomos
então almoçar. Lembro-me que a mesa estava posta numa sala cheia de livros e
sofás confortáveis. Também lá estavam os seus animais: um pequeno cãozinho e um
gato. Entretanto, tinham chegado mais uns amigos e, por último, a filha.
Durante o almoço conversou-se de livros, de política, de férias,
de comidas… Um dos pratos do almoço, recordo-me, foram favas guisadas, prato de
que a Ana Luísa gostava muito e que lhe tinham sido oferecidas pelo dono do
restaurante onde costumava ir.
Aquele sábado permaneceu-me na memória pois a Ana Luísa
recebeu-nos como quem recebe amigos de há muito, e com a simpatia e a
simplicidade dos verdadeiros “iluminados”.”
- Prémio Literário Casino da Póvoa/Correntes
d’Escritas, com o livro A génese do amor (2007)
- Premio di Poesia Giuseppe Acerbi, Mântua, com o livro A
génese do amor (2008)
- Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de
Escritores, com o livro Entre Dois Rios e Outras Noites (2008)
- Prémio Rómulo de Carvalho/António Gedeão com o livro Vozes
(2012)
- Prémio P.E.N. Clube Português de Novelística com o romance Ara
(2014)
- Medalha de Ouro de Mérito da Câmara Municipal de Matosinhos
(2015)
- Medalha de Mérito - Grau Ouro da Câmara Municipal do
Porto (2016)
- Prémio de Ensaio Jacinto do Prado Coelho, da Associação
Portuguesa de Críticos Literários, com o livro Arder a palavra e outros
incêndios (2018)
- Prémio Internazionale Fondazione Roma: Ritratti di
Poesia (2018)
- Medaille de la Ville de Paris (2000)
- Prémio Literário Guerra Junqueiro (2020)
- Prémio Leteo (Espanha, 2020)
- Prémio de Melhor Livro do Ano de poesia dos Livreiros de
Madrid com o livro What's in a Name (2020)
- Prémio Vergílio Ferreira (2021)
- Prémio Literário Francisco Sá de Miranda, com o livro Ágora
(2021)
- XXX Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-Americana (2021)
- Asociación de Escritoras e Escritores en Lingua Galega
nomeia Ana Luísa Amaral como Escritora Galega Universal (2022)
A lista dos seus livros de:
POESIA
Minha senhora de quê (1990)
Coisas de partir (1993)
Epopeias (1994)
E muitos os caminhos (1995)
Às vezes o paraíso (1998)
Imagens (2000)
Imagias (2002)
A arte de ser tigre (2003)
Poesia Reunida 1990-2005 (2005)
A génese do amor (2005)
Entre dois rios e outras noites (2008)
Se fosse um intervalo (2009)
Inversos, Poesia 1990-2010 (2010)
Vozes (2011)
Escuro (2014)
E Todavia (2015)
What's in a name (2017)
Ágora (2019)
Mundo (2021)
LITERATURA INFANTIL
Gaspar, o Dedo Diferente e Outras Histórias (ilust. Elsa Navarro) (1999)
A História da Aranha Leopoldina (ilust. Elsa Navarro) (2000)
A Relíquia, a partir do romance de Eça de Queirós (2008)
Auto de Mofina Mendes, a partir da peça de Gil Vicente (ilust. Helena Simas) (2008)
A História da Aranha Leopoldina (ilust. Raquel Pinheiro) (2010) (ed.
revista e aumentada, com CD. Música de Clara Ghimel, arranjos de Nuno Aragão,
Cantado por Rosa Quiroga, Nuno Aragão e Sissa Afonso)
Gaspar, o Dedo Diferente (ilust. Abigail Ascenso) (2011) (ed.
revista)
A Tempestade (ilust. Marta Madureira) (2011) Plano Nacional de
Leitura
Como Tu (ilust. Elsa Navarro) (2012) (música de António Pinho
Vargas, piano por Álvaro Teixeira Lopes, vozes de Pedro Lamares, Rute Pimenta e
Ana Luísa Amaral - Plano Nacional de Leitura
Lengalenga de Lena, a Hiena (ilust. Jaime Ferraz) (2019)
A História da Aranha Leopoldina (ilust. Jaime Ferraz) (2019)
Gaspar, o Dedo Diferente (ilust. Chico Bolila) (2019)
Como Tu (ilust. Alberto Faria) (2020)
ENSAIO
Arder a Palavra e outros incêndios (2018)
TEATRO
Próspero Morreu (2011)
FICÇÃO
Ara (2013)