E vamos terminar esta rubrica neste ano letivo
de 2020/2021 com um grande autor.
José Jorge
Letria, jornalista, poeta, dramaturgo, ficcionista e autor de uma
vasta obra para crianças e jovens, nasceu em Cascais,
em 1951.
Tendo
desempenhado, entre 1994 e 2002, as funções de vereador da Cultura no município
local, foi distinguido, em junho de 2002, com a Medalha de Honra do Município
de Cascais, tendo ainda sido atribuído o seu nome à Escola EB 1 da vila, por si
frequentada na infância. Estudou Direito e História na Universidade de Lisboa,
sendo pós-graduado em Jornalismo Internacional e Mestre em “Estudos da Paz e da
Guerra nas Novas Relações Internacionais” pela Universidade Autónoma de Lisboa.
Doutorou-se com distinção em Ciências da Comunicação no ISCTE.
Foi, desde
1970 até dezembro de 2003, redator e editor de jornais como “Diário de Lisboa”,
“República”, “Musicalíssimo”, “Diário de Notícias” e “Jornal de Letras”, tendo
sido, igualmente, professor de jornalismo, experiência da qual resultou a
publicação de três livros sobre a matéria. Foi autor de programas de rádio e de
televisão, destacando-se, a esse nível, a sua participação, durante vários
anos, na equipa de criadores da “Rua Sésamo”, em Portugal. Foi também
correspondente de jornais estrangeiros, autor dos textos do programa “Pastéis
de Belém”, na TSF, e autor do ensaio “O Terrorismo e os Media - o Tempo de
Antena do Terror”. Foi Vice-Presidente da Direção e da Administração da Casa da
Imprensa.
Foi um dos
poucos civis que se encontravam ao corrente do levantamento militar de 25 de
Abril de 1974, tendo colaborado com os militares na Direção da Emissora
Nacional desde 27 de abril desse ano. Foi responsável pela programação musical
da estação oficial até meados de 1975. Sobre a sua experiência na madrugada do
25 de Abril publicou, em 1999, o livro “Uma Noite Fez-se Abril”.
Tem livros
traduzidos em várias línguas (castelhano, francês, inglês, italiano, coreano,
japonês, russo, búlgaro, romeno, húngaro e checo) e está representado em
numerosas antologias em Portugal e no estrangeiro.
A sua obra
literária foi já distinguida com dois Grandes Prémios da APE
(Associação Portuguesa de Escritores) de conto e teatro, com o Prémio Internacional Unesco (França), com o Prémio Aula de Poesia de Barcelona, com o Prémio Plural (México), com o Prémio da
Associação Paulista de Críticos de Arte (São Paulo), com um Prémio Gulbenkian, com o Grande Prémio
Garrett da Secretaria de Estado da Cultura, com o Prémio Eça de Queirós-Município de Lisboa (duas vezes), com
o Prémio Ferreira de Castro de Literatura Infantil
(três vezes), com o Prémio “O Ambiente na Literatura
Infantil” (três vezes), com o Prémio Garrett, com o
Prémio José Régio de Teatro, com o Prémio Camilo Pessanha do IPOR, com o Prémio Nacional de
Poesia Nuno Júdice 2007 por “Sobre Retratos” e com o Prémio da Fundação
Nacional do Livro Infantil e Juvenil do Brasil, em 2011, pelo livro “Avô, Conta Outra Vez”,
com ilustrações do filho André Letria.
O seu livro
para crianças “O Homem que Tinha
uma Árvore na Cabeça” integrou, em 2002, a lista “Books and
Reading for Intercultural Education”, da União Europeia.
O essencial
da sua obra poética encontra-se condensado nos dois volumes da antologia “O Fantasma da Obra”,
publicados em 1994 e em 2003.
Foi, antes
do 25 de Abril, um dos nomes mais destacados da canção da resistência (com
vários discos gravados e centenas de espetáculos realizados, nomeadamente na
Galiza e em Madrid, em 1972 e 1973) ao lado de nomes como José Afonso, Adriano
Correia de Oliveira e Manuel Freire, tendo sido agraciado, em 1997, com a Ordem
da Liberdade pelo Presidente Jorge Sampaio. Em Paris foi-lhe atribuída a
medalha da “Internationale des Arts et des Lettres”.
É membro da
World Literary Academy. Integrou
também, durante seis anos, o Bureau Executivo da Associação dos Eleitos Locais
e Regionais da Grande Europa para a Cultura, tendo sido membro da Comissão de
Redação do Livro Branco sobre as Políticas Culturais na Europa.
Presidiu,
em 2012, ao júri nacional do Prémio
Literário da União Europeia, integrando, nessa condição, o júri europeu, em
Bruxelas.
É, desde janeiro
de 2011, presidente da Direção e presidente do Conselho de Administração da SPA
(Sociedade Portuguesa de Autores). Integra, desde abril de 2005, em
representação da SPA, o Comité Executivo do Writers and Directors Worldwide. É
ainda membro da Direção do Grupo Europeu de Sociedades de Autores (GESAC), com
sede em Bruxelas. Assumiu, em abril de 2014, as funções de presidente do Comité
Europeu da confederação Mundial das Sociedades de Autores e integra, desde julho
de 2017, o Conselho Estratégico da Universidade Lusófona de Humanidades e
Tecnologias.
Destaque-se
o seu importante contributo nos últimos anos para que o direito de autor se
implante nos países da lusofonia com a sustentabilidade desejada e merecida. A
partir de 2013 foi lançado um projeto de cooperação com os países africanos
lusófonos e com Timor Leste que, em 2014 e 2015, teve significativos
desenvolvimentos em Angola e em Timor com a passagem da UNAC, em Luanda, a
sociedade de gestão coletiva e com a criação em Díli da primeira sociedade de
autores nacional e do Código do Direito de Autor e dos Direitos Conexos. Deste
modo, facultando apoios nas áreas da informática, do direito, dos recursos
humanos e outros, a SPA tem vindo a contribuir para que o direito de autor seja
uma realidade sólida e com futuro em países onde se fala e escreve o Português.