Falemos
então hoje de prosopopeia.
Esta palavra tem origem no grego prósopon,
que significa “pessoa”, “face”, “rosto”. A união desse termo com poeio,
que quer dizer “finjo”, deu origem a prosopopeia,
palavra que nasceu com o significado de “rosto fingido”, “máscara”.
A princípio, o termo era usado para
designar o fingimento com que um orador representava várias pessoas, entre elas
pessoas ausentes, falecidas e até mesmo animais e objetos inanimados.
Daí resultou prosopopoiía,
dramatização, ação de atribuir falas a uma personagem.
Assim, a prosopopeia, personificação,
animização ou antropomorfismo é a figura de estilo em que o falante ou escritor
atribui o dom da palavra, o sentimento, a ação ou outras características
humanas a seres inanimados ou a seres vivos que não são humanos, aos mortos ou
aos ausentes.
Consiste, em suma, em atribuir ações
ou qualidades de seres animados a seres inanimados, ou características humanas
a seres não humanos.
Eis alguns exemplos:
“O livro é um mudo que fala, um surdo
que ouve, um cego que guia.”
O livro não tem boca, nem ouvidos nem
olhos.
“Hoje, até o sol está mais feliz.”
O sol é uma estrela, não fica feliz
ou triste.
“Ela leu tão mal aquele soneto que o
Camões deve ter dado voltas na tumba.”
Camões já morreu, por isso não pode
estar a dar voltas no túmulo.
“Essa máquina da roupa já está cansada de trabalhar.”
As máquinas não sentem cansaço nem
disposição, apenas funcionam, bem ou mal, ou não funcionam.
“Cabelos dançando ao vento.”
Os cabelos não dançam, o vento é que
os agita.
“Esse violoncelo é tão melancólico.”
O violoncelo é um instrumento
musical, não sente melancolia.
“O momento mais bonito da tarde foi a
dança das borboletas.”
As borboletas não dançam, nós é que
percebemos os movimentos delas como uma coreografia.
Então, deu para perceber?
Aproveitem as tardes luminosas e bem
comportadas… para ler!
Até terça-feira!