10 de março de 2020

Posted by Biblioteca de E.B.2,3 de Paço de Sousa in | março 10, 2020
          No passado dia 3 de março, Penafiel comemorou 250 anos de elevação a cidade. Assim, no "Às quintas na BE" de 5 de março, todas as turmas do 6.º ano de escolaridade passaram pela BE e puderam conhecer, de forma mais detalhada, a história da cidade e a razão de ser desta efeméride.

Câmara Municipal, Praça do Município e Igreja da Misericórdia








PENAFIEL está situada no topo e encostas de uma pequena colina, conhecida como Arrifana, entre o rio Sousa e o rio Cavalum, afluentes do lado direito do rio Douro. 
A origem do nome Penafiel (Pennafidelis) é diferente em diversas lendas, sendo no entanto a mais comum a que afirma que a origem do nome surgiu de fortificações existentes na localidade. Segundo esta, quando se deu a fundação da futura cidade aqui se erguiam dois castelos: o primeiro situava-se junto ao rio Sousa, a norte do seu leito, e chamava-se Castelo de Aguiar de Sousa; o segundo, na margem sul, denominava-se castelo da Pena. Atacado diversas vezes pelos mouros, esta última fortificação nunca se rendeu, o que lhe valeu o epíteto de "fiel" passando assim a ser conhecida por Castelo de Penafiel.
Apesar deste episódio, a povoação manteve até ao século XVIII a sua antiga designação de Arrifana de Sousa.
Quanto à proveniência do nome Arrifana persistem dúvidas sobre se terá origem árabe ou se estará ligado ao nome de Arriana, filha do Hermenegildo Gonçalves e de D. Mumadona Dias. Após a morte do pai, Arriana herdou esta terra de que foi senhora no século X. 
O início da paróquia de Arrifana de Sousa data do século XVI. No mesmo século, em 1519, o rei D. Manuel I concede-lhe carta de foral, sem, contudo, a elevar a vila. 

D. Manuel I

No ano de 1723 a população pede ao monarca que o lugar fosse elevado a vila, com Juiz e Câmara próprios. O Porto, sentindo-se prejudicado, não gostou da ideia e pressionou para que houvesse decisão negativa a este processo, só conseguindo adiar esta situação até 1741. Assim, durante o reinado de D. João V, a paróquia é elevada a vila, por decreto de 7 de outubro de 1741, tendo Câmara e Juiz de Fora e dos Órfãos.

D. João V

Até ao reinado de D. José I, Penafiel era conhecida como Arrifana de Sousa. Porém, por carta régia de 3 de março de 1770, viu a sua designação alterada para Penafiel e ser elevada à categoria de cidade

D. José I

Também nesse ano, por bula do Papa Clemente XIV com data de 1 de junho, é ereta em sede da diocese do mesmo nome (ao mesmo tempo que a diocese de Pinhel), separada eclesiasticamente da diocese do Porto, sendo nomeado como bispo o carmelita Dom Frei Inácio de São Caetano, confessor da rainha D. Maria I que, na altura, era ainda princesa do Brasil. 

D. Frei Inácio de São Caetano



A criação desta diocese ficou em parte a dever-se ao desejo de Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal e Ministro de D. José I, de afrontar o bispo do Porto, com o qual se debatia havia algum tempo, retirando-lhe assim uma fatia muito significativa da sua diocese e, mais importante que isso, os respetivos rendimentos. 

Marquês de Pombal

Por se encontrar junto da futura rainha o bispo nunca chegou a administrar nem a residir na sua diocese. De facto, D. Maria I, eleita rainha após a morte de seu pai a 24 de fevereiro de 1777, convenceu o frei a renunciar ao bispado e, em 11 de novembro de 1778, dia de São Martinho, padroeiro da cidade, o Papa Pio VI extingue a diocese, incorporando-a de novo na do Porto.
Este episódio inscreve-se na “Viradeira”, designação que se dá ao período que se inicia a 13 de março de 1777 com a nomeação por D. Maria I de novos Secretários de Estado, em substituição do Marquês de Pombal que é afastado do poder.

D. Maria I

É o início da viragem na atuação política. Neste período dá-se uma progressiva quebra do controlo estatal sobre muitas das áreas económicas, com a extinção de alguns dos monopólios mercantis estabelecidos por Pombal, e permite-se uma retoma da influência da Igreja e da alta nobreza sobre o Estado. Muitos dos presos políticos são libertados e muitos nobres reabilitados, incluindo alguns a título póstumo.

Dos monumentos da cidade de Penafiel destacam-se:

·     Igreja Matriz (classificada como monumento nacional), com especial relevo para a capela-mor gótica vinda da primitiva igreja do Espírito Santo, na qual foi estabelecida, em 1540, a confraria do Santíssimo Sacramento, sendo a então localidade de Arrifana a primeira, depois de Roma, a ter uma confraria desta invocação. A igreja, edificada em granito, foi reconstruída no século XVI, devendo a estas obras a sua traça em estilo renascentista.

·     Museu Municipal, instalado no palacete setecentista dos Pereira do Lago e que é uma das últimas obras assinadas pelo arquiteto Fernando Távora (falecido em 2005) e concluída pelo seu filho, José Bernardo Távora, inaugurado a 24 de março de 2009 e considerado, logo em 2010, o melhor museu de Portugal. Sendo ainda nomeado para vários prémios internacionais, o site do museu foi considerado o melhor em 2012 pela Associação Portuguesa de Museologia.
  
·     Biblioteca Municipal, desejada desde 1863, só foi inaugurada a 6 de junho de 1917 na Avenida Araújo e Silva. Esta viria a encerrar em outubro de 1919, sendo reaberta ao público a 6 de junho de 1927, transferida para um pequeno salão na Avenida Sacadura Cabral vindo a encerrar dois anos depois. A 7 de julho de 1947 a Biblioteca é uma vez mais transferida, desta vez para a Praça da República, passando a funcionar no Palacete do Barão do Calvário. A Biblioteca viria a sair daí, para serem realizadas obras de recuperação do edifício, tendo sido instalada provisoriamente no Salão Polivalente Municipal. Finalmente, as instalações atuais foram inauguradas a 4 de março de 1995 pelo então Presidente da República, Mário Soares, passando a ocupar todo o edifício.

Durante o ano a cidade de Penafiel é palco de várias festas, feiras e romarias. São de destacar as celebrações da Semana Santa, o Corpo de Deus-Festas da Cidade e do Concelho com tradições únicas no país, a Agrival, a Noite Branca, a Noite Vermelha, Penafiel Racing Fest, São Martinho (de 10 a 20 de novembro) a Escritaria e a Penafiel Cidade Natal.

Além dos cartazes que foram afixados na escola, estas sessões serviram para lembrar a história e foram a nossa maneira singela de cantar os "Parabéns" a Penafiel!